Por Trás dos Milharais - Capítulo III
Na barraca, nenhum sinal de vida.
-Vamos voltar para a casa! – Gritei.
George e David já estavam correndo para dentro.
-Desgraçado, filho da puta! – Gritou George, empurrando com o dedo o peito de David. – Eu falei para você não mexer com isso!
-Cala boca seu gordo idiota
David e George começaram uma briga. Marcos e eu os seguramos.
-Parem com isso, temos problemas maiores por aqui! – Falei.
-Vamos procurar pela Rebeca e dar o fora. – Falou Marcos.
-Procurar? Ela está morta! Vamos embora! – Disse George.
Soltamos os dois fomos até o telefone pedir ajuda.
-A ajuda já está a caminho pessoal. – Falou Claire.
Isso nos aliviou por um tempo.
-John! John! – Gritou George.
-O que aconteceu?
-O espantalho estava se mexendo. Eu juro que vi. – Disse ele, apontando para o milharal.
-O chapéu... O chapéu! – Gritei. – O chapéu dele tinha voado, tenho certeza!
Nessa hora um grito foi dado.
-Foi a Rebeca! Veio do milharal! – Exclamou Marcos, correndo em direção ao gramado.
Corremos pelo meio do milharal em busca de Rebeca.
-Está vindo de lá – Gritou Marcos, apontando para a esquerda.
Chegamos no lugar onde o espantalho se encontrava. Em volta de sua estaca de madeira havia sangue espalhado pela terra e no rosto inanimado havia um sorriso macabro.
-Mas que merda é essa? – Gritou David.
Claire ficou em choque, se debruçou no chão e começou a chorar.
Estava muito escuro, apenas a luz das estrelas clareavam o local.
-O que estão fazendo aqui? – Uma voz grossa ecoou no ambiente.
Todos ficaram apavorados. Era um sujeito se aproximando.
-Vamos sair daqui! – Gritou Marcos.
Corremos até a casa e trancamos a porta.
-Mas que merda é essa? – Ouvimos o grito de George.
Ele estava na porta da cozinha, olhando fixamente para dentro. Com pedaços de carne e pele colados na parede, uma mensagem era dada:
“E agora... Acredita?”
-Seus tios têm algum tipo de arma aqui? – Perguntou David.
-Nenhum tipo. Mas Pedro pode nos ajudar. – Respondeu.
Ouvimos um estrondo vindo do lado de fora da casa.
-O que é isso? – Falou George se segurando nos moveis.
-Vamos pedir ajuda nas casas em cima do morro! – Exclamei.
Vários espantalhos cercavam a casa, impedindo nossa passagem. Todos eram iguais aquele já visto por mim. Ambos sorriam.
-Merda! – Gritou George.
David segurou um pedaço de madeira e acertou um espantalho com força. Passou por uma brecha entre dois bonecos.
-Consegui sair!
-Tome cuidado! – Alertou Claire.
Nessa mesma hora ouvimos o barulho de uma navalha cortando o ar. A cabeça de David fora jogada no nosso lado.
-Ah! Merda! Vamos todos morrer – Falou George. Claire entrou em desespero e entrou em disparada para dentro da casa.
-Claire! Temos que ficar juntos! - Gritei.
Seguimos ela até a porta do banheiro, onde ela havia se trancado. Ouvimos seu choro.
-David mereceu! Ele mereceu! – Disse George.
-Por que estão atrás de nós? Foi ele o culpado! – Marcos concordou.
Olhei por todas as janelas. Estávamos realmente cercados.
O telefone tocou. Corri para atender-lhe.
-Alô?
-Olá John. Aqui é Pedro, o vizinho. – Reconheci a voz dele, era a mesma voz que ouvimos no milharal.
-Fale como saímos daqui! Tire-nos daqui depressa! – Gritei.
-Vocês foram avisados. Era tão simples, apenas não falar aquela frase e não sair a noite. Isso provocou Cliv.
-Vocês do morro podem nos ajudar? – Perguntei.
-Você ainda não entendeu? Já estamos ajudando. Os espantalhos representam nossos parentes que morreram... estão mantendo Cliv fora da casa.
Fiquei em silencio.
-Mas os espantalhos não aguentarão por muito tempo. – Continuou – Cliv logo entrará ai. Há anos que tentamos achar a forma de matá-lo, mas a única pessoa que conseguiu isso foi o criado...
A ligação caiu.
-Era Pedro? – Perguntou Marcos.
-Sim. E temos que agir rápido. Cliv entrará em instantes.
Entrei no quarto onde a frase de Cliv estava escrita.
-Aqui que Cliv foi morto – Falei.
-Como você sabe? – Perguntou Marcos.
-Vi seu tio apagando a mensagem ali escrita. –Apontei.
Investigamos o quarto até que George entrou correndo pela porta gritando.
-Os espantalhos estão pegando fogo!
-Ele vai esperar eles virarem cinzas... – Disse.
-Vamos George, ache a arma que matou Cliv. Ela deve estar aqui. – Falou Marcos.
Reviramos o quarto e não achamos nada.
Em um momento de fúria joguei a cadeira de madeira contra a parede. A velha estrutura desabou.
-Tem algo aqui pessoal. – falei.
Dentre os destroços vi uma coisa um pouco arredondada. Tirei-a de lá e a limpei.
-Merda cara! Isso é...
-Um crânio – Interrompi George.
O resto do esqueleto se encontrava no meio da sujeira.
Todas as janelas da casa estouraram. Claire apareceu no quarto, gritando.
Estava ensanguentada, um pedaço de vidro atingira seu rosto.
-Não precisam se esconder! Quando eu entrar ai, acharei todos! – A voz ecoou pela casa.
Fui para o gramado e fiquei de frente para os espantalhos em chamas.
-Achei seu crânio, desgraçado! – Gritei, jogando o crânio por cima das chamas.
Uma risada alta e irritante começou a ser dada.
-Você acha mesmo que isso é meu? – Questionou – Esse crânio é de Earl... aquele criado achava mesmo que iria conseguir me matar. Eu deixo o solo forte com o sangue das pessoas, e ele retribui me deixando cada vez mais poderoso. Nem mesmo a morte conseguiu me deter.
Todos ficamos quietos.
-Só quero vocês mortos! Só isso! – Disse ele, rindo.
-Filho da puta! – Gritou George.
-Agora o gordinho é o primeiro da minha lista. – respondeu o xingamento.
Nesse momento os espantalhos começaram a se desintegrar. A frente nós finalmente vimos Cliv. Era um senhor alto e forte, usava um macacão típico de fazendeiros. Usava uma enorme peixeira nas mãos. Tinha a barba branca e seus olhos eram vermelhos e nos olhava com ódio.