Contos e Encontros Anormais - Capítulo VIII
"Há quase 50 anos este terreno era uma grande fazenda de plantio de milho, que abastecia o comércio local e da região. A filha do fazendeiro, uma mulher muito ciumenta e possessiva, descobriu que estava grávida e ficou muito feliz com isso. Porém, quando foi contar à mãe sobre a gravidez, ela ficou furiosa pois a filha ainda não era casada e a expulsou da fazenda para sempre. Sem controle de si mesma, a garota brigou com a mãe e a jogou pela janela do segundo andar da casa, mas ela não morreu. Para completar o serviço, levou o corpo da velha 20 metros longe da casa e a enterrou viva. Quando o pai chegou e soube o que tinha acontecido, entrou em estado de choque e sofreu uma parada cardíaca. Assim como a mãe, a garota enterrou o pai 20 metros longe da casa, perto do corpo da velha. Passados alguns meses, a garota teve uma linda bebê rosada e saudável. Porém o destino prega peças, e apenas 6 meses após seu nascimento a criança teve pneumonia e não resistiu, morrendo nos braços da mãe, inconsolável. Esta, por sua vez, entrou em pânico e colocou a culpa nos pais, dizendo que eles haviam matado sua filha. Completamente louca, a garota passou a andar pela plantação, gritando que a culpa era dos pais e que eles eram amaldiçoados. Por fim, morreu de sede e fome poucos dias depois. Alguns vizinhos relatam que durante muito tempo ouviram a garota chamando por sua filha ou amaldiçoando os pais, e muitas vezes ouviram o choro de um bebê. Quando o terreno foi comprado para a construção da escola, os trabalhadores relataram que viram uma mulher desconhecida circulando pelas fundações, bem como ouviram chorou estridentes de noite. Claro que ninguém levou a sério tais boatos, mesmo por que depois do término da escola não se ouviu mais nada. Por alguma razão, a casa da fazenda foi mantida e hoje faz parte da escola... a mesma casa que a garota louca atentou contra a vida da mãe e provocou a morte do pai."
-E como você sabe disso, professor? - Perguntou Miranda.
-Na faculdade conheci um dos mestres de obra que trabalhou na construção dessa escola, e ele me contou tudo. Um homem sério, sensato e inteligente, que raramente brincava. Assim, creio que o que ele disse é realmente verdade.
-Pode até ser... na verdade faz muito sentido. - Diz Heitor.
-Quer dizer que tudo que está acontecendo é culpa do espírito dessa garota? A professora morta, vidros explodindo, tudo isso é culpa da garota, Heitor? - Pergunta Danilo.
-Sim, possivelmente... tenho uma ideia do que fazer, mas primeiro precisamos descobrir o que o espírito da garota quer. Pais mortos, filha morta, ela deve estar em busca de vingança, mas não faço ideia do que possa ser. Alguma outra informação, professor?
-Até onde sei é só isso. Você sabe como detê-la?
-Bom, quando alguém morre, seu espírito é destinado ao merecido lugar. Porém, aqueles que ainda tem problemas não-resolvidos aqui no mundo dos vivos ficam por aqui até que a dívida seja saldada, e isso pode levar dias, meses, anos ou nunca pode acontecer.
-Certo Heitor, e como saberemos o que a garota quer? - Miranda pergunta.
-Temos que invocar o espírito dela e forçá-la a dizer o que quer. Talvez algum médium ou algum ritual...
-Ou então podemos perguntar agora pra ela!
Danilo aponta para o pátio vazio, onde uma figura negra com cabelos vermelhos e olhos sem vida fitava o pequeno grupo.