Em épocas natalinas, muitos presentes, correria, árvores,
luzes... tudo muito bonito, tudo muito bom. Nos noticiários populares, as
compras de final de ano se tornam as matérias principais.
“Estamos aqui no Mercado Municipal de São Paulo, e vamos
entrevistar o senhor Jonilson, dono da peixaria mais conhecida daqui do
mercadão. Senhor Jonilson, as vendas aumentam muito nesta época do ano?
-Ah, sim, e como aumentam! O que mais sai é o bacalhau. Mas
sabe como é, tá um pouco mais caro nessa época...
-O que mais o senhor vende por aqui, seu Jonilson?
-Ah minha filha, tem camarão, ostra e até lagosta tem. Truta, sardinha, pescado, traíra e o que mais você quiser tem tudo aqui!
-Ah, que delicia hein. Pois é, caros telespectadores, nessa época
maravilhosa vale desembolsar um pouco mais para garantir a ceia natalina e
passar o natal com sua família. Aqui é Bárbara Melina, falando diretamente do
Mercado Municipal de São Paulo”
Mas até onde podemos ter certeza que tudo ocorrerá bem? Em
algumas culturas, povos relembram que perto da data do natal, criaturas
macabras surgem das sombras para acabar com a felicidade. Que tal começar pela
data do natal? O natal, no cristianismo, serve para comemorar o nascimento de
Jesus Cristo. Por que o dia 25 de Dezembro? Nessa data, no oriente médio, é a
época que a noite dura mais que o dia. Então, o dia foi escolhido para
representar que mesmo que as trevas durem muito, o dia sempre triunfará.
Realmente, uma boa escolha, mas nessa mesma época, bem longe do oriente médio,
as culturas celtas comemoravam o solstício de inverno. Mais precisamente, de 20
a 23 de Dezembro. Conta uma lenda que essa época era propícia para fazer sacrifícios a Artha e Halthar, duas entidades poderosas que abençoavam quem lhe presenteava com sacrifícios, e dizimava tribos inteiras que se esqueciam deles. Alguns dizem que é só uma lenda.
Outros, dizem que é verdade. Outros ainda dizem que já viram esses entes. A cidade
de Campinas anda presenciando certos fatos que podem por em cheque a opinião dos céticos.
-Sargento Dante, sou o policial Fernandes.
-Ótimo, temos reforços. Encaminhe as viaturas para a Alameda 12 imediatamente. Tivemos outro assassinato por lá. Quero que você
investigue o que anda acontecendo por aquelas bandas, e quero esse caso
resolvido antes do dia vinte. Estou cansado, quero tirar logo minhas férias.
-Sim, senhor.
Saindo da Delegacia de Crimes Gerais de Campinas, o policial
Fernandes se dirigiu a sua viatura, onde Inácio, seu parceiro de trabalho, já o
aguardava para mais um caso. A fatídica noite estava mais monótona do que
nunca. Uma briga entre comadres no Centro, uma festa regada a cerveja e muito
forró e axé num bar que irritou alguns moradores... fora isso, nada mais.
-Certo, chegamos. É aqui nesta casa azul.
-Qual o tipo de caso?
-Assassinato. A mulher estava dormindo, ouviu alguns
barulhos e quando se levantou não viu o marido na cama. Acendeu as luzes e viu
um rastro de sangue no chão. Ainda não acharam tudo.
-Como assim não acharam tudo? – Disse Inácio com cara de
espanto.
-Um dedo aqui, uma orelha ali. Ainda faltam alguns pedaços.
Em frente a pequena casa azul, uma ambulância atendia a
mulher, que chorava desesperadamente. Não tinha mais de cinquenta anos, com
certeza.
-Meu marido! Encontrem ele pelo amor de Deus! Ah, que natal
horrível meu Deus! – Gritava a mulher em prantos.
-Dona Cleide? Sou o policial Fernandes, sou da Delegacia de
Crimes Gerais, fui designado para investigar seu caso. Pode nos contar o que
aconteceu?
-Ah... claro. –
Disse Cleide, chorando. – Era duas e meia da manhã quando eu levantei para
beber um copo de água. Normalmente não acordo de noite com sede, mas hoje
acordei. Estava tudo normal, tudo no devido lugar. Voltei para a cama, meu
marido dormia bem. Então fechei os olhos e relaxei. Uns dez minutos depois,
ouço vidros quebrando e me levanto assustada, e quando vejo aquele sangue no
chão... Ah, meu marido!!! Por que meu Deus?!?! Por quê?!
-Fique calma, iremos investigar isso. Vamos
Inácio.
Os dois policiais entraram na casa e começaram a averiguar.
-Sem arrombamento, não há sinais de furto e tudo está no
lugar. Os únicos indícios de anormalidade estão na cozinha e no quarto onde o
crime teoricamente ocorreu.
-O que aconteceu na cozinha, Inácio?
-Uma faca grande sumiu. Pelos pedaços achados e a forma de corte, concluímos
que ela foi usada para cortar os dedos do homem.
-Isso é bizarro. Deve ser algum maníaco. Os vizinhos viram ou ouviram
algo?
-Pela hora avançada, apenas um homem de trinta e dois anos
que chegava do trabalho notou um barulho incessante de um sino pequeno vindo da
casa. Fora isso, ele disse que tudo estava normal. Como sempre.
Nenhuma pista significativa. Não acharam o corpo, não havia
arrombamento nem nada foi roubado. Tudo apontava para assassinato e apenas
isso.