Contos e Encontros Anormais - Capítulo VII
-Dona Dilma, tem certeza que isso deve ser feito? Falei com Miranda e ela me disse que está tudo sobre controle, que foi apenas um acidente. Infelizmente nossa escola está passando por problemas incomuns, porém certamente são apenas coincidências. Não é por que um aluno viu algumas coisas num livro bobo e...
-Olha, você está incrédulo demais. Quando você conseguir me provar como vidros de um andar inteiros podem estilhaçar contra outras pessoas de uma só vez e sem ninguém fazer nada, você pode me dizer que essas situações são apenas vandalismos. - Disse a diretora, já recuperada de seus ferimentos, ao coordenador escolar.
-E como medida cautelar você quer ter como base um livro de paranormalidade? O que ele pode oferecer?
-Já apresentei meus motivos, e estamos sem escolha quanto a isso. Aquele garoto que Miranda esbarrou vindo pra cá, o Heitor, diz que tudo parece fazer muito sentido, tirando o fato que ele tem pistas e provavelmente provas do que está acontecendo. Veja bem, Danilo, se isso não der certo partiremos para as soluções convencionais. O que pode dar errado?
-O que pode dar errado? Com essas coisas não se brinca, Dilma. Espíritos, fantasmas, demônios, seja lá o que for. Se você realmente está decidida a tentar esse tipo de coisa, que faça. Mas faça com cautela!
Dilma olhou para as mãos quase totalmente cicatrizadas e se lembrou do ocorrido algumas semanas antes. Os vidros da sala do Grêmio explodiram na frente dela, deixando marcas em suas mãos e braços quase curados. Poderia ter sido pior, no fim das contas.
Miranda e Heitor aguardavam na sala ao lado da direção, conversando sobre o que Heitor fazia com o livro e por que o pegara.
-Olá dona Dilma. Quer falar com Heitor? - Disse Miranda.
-Sim. Por que você pegou esse livro? - Interrogou a diretora, séria.
-Bom, há alguns meses eu estudei um pouco de paranormalidade e algumas coisas que aconteceram aqui batem com infestações espirituais. Aí eu fui até a biblioteca perto de casa e encontrei esse livro e comecei a lê-lo. Vocês notaram tudo que aconteceu até agora? Vidros explodindo, uma professora morreu num laboratório de informática e outra caiu da janela do laboratório de química. Sem contar a professora Cíntia que desmaiou no mesmo laboratório como se tivesse visto uma assombração. Diretora, isso tudo têm ligação, é impossível não ter!
-E como você sabe disso? Que provas você tem? - Indagou Miranda.
-Quando eu esbarrei em você, detetive, eu estava correndo para a biblioteca pois creio saber por que tudo isso está ocorrendo!
-Como assim? - Disse Danilo, o coordenador.
-Eu estava no primeiro andar do Bloco 2, olhando para as entradas de trás do bloco quando eu descobri a lógica de tudo isso. Vocês notaram que tudo que aconteceu até agora se passou aqui neste bloco? Absolutamente tudo ocorreu aqui, e com certeza deve ter algum motivo para isso.
-Muito bem, e quanto tempo você acha que vai demorar para descobrir alguma coisa? - Perguntou Dilma.
-Talvez uns dois dias... até sexta-feira terei alguma coisa, mas talvez eu precise de...
-Eu posso ajudar.
Na porta da sala, um homem alto, grisalho e muito robusto estava com cara de sério. Sua camisa enfiada dentro da calça apenas reafirmava sua forma grande, porém sabedoria brotava de seus olhos.
-Suponho que meus conhecimentos sejam suficientes para ajudar. Garanto que, se for possível, ajudarei o máximo.