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Assombrações Infernais

Assombrações Infernais - Capítulo I


-Kayle, esse inferno nunca irá acabar, irá? - sussurrei com a voz trêmula.

-Meny, relaxa, eles só estão querendo nos assustar, eles não vão nos machucar. - ela disse, forçando um sorriso.

-Tomara. - sussurrei agora mais calma.

***

-Kayle, hoje é domingo, estamos em casa sozinhos. - falei.

-Meny, ainda estamos aqui. - Rayla e Léo disseram em coro.

-Ei, eu e Kayle não somos lésbicas... diferente de você - apontei o indicador para Léo, que é gay.

Todos começaram a rir. Léo riu e disse:

-Sou sim, por isso não adianta fazer esse almoço com a intenção de me conquistar.

Rimos todos juntos.

-Gente, o almoço está pronto.

Todos comeram. Rayla e Léo lavaram a louça. Enquanto isso, minhas primas chegavam em minha casa. Elas eram quase da minha idade e dos meus amigos. Kayle tinha quinze anos, Rayla, a irmã de Kayle treze, Léo e eu quatorze. Minhas duas primas, Tayla e Dardâni, tinham doze e quatorze anos respectivamente. Kayle era minha melhor amiga, ela tinha os cabelos lisos, bem pretos, os olhos dourados castanhos, pele clara, altura média e era magra, não tão magra e sua irmã era parecida com ela. Só os seus cabelos e os olhos eram diferentes. Rayla tinha os cabelos na cintura e os olhos castanhos escuros e um pouco mais baixa. Léo era lindo só que era gay, tinha os olhos verdes, cabelos loiros e pele clara. Tayla tinha os cabelos loiros na altura dos ombros e os olhos e pele claros. Dardânia tinha cabelos castanhos acima da cintura e pele parda. Eu tinha os cabelos ondulados cor de mel na altura da cintura, olhos castanhos claros e pele clara, era magra.

-Meny, - Kayle disse – vem, vamos brincar do jogo do compasso!

-Kayle, - falei entredentes - só estamos nós seis, dá medo e não é inteligente.

-Tá com medinho, Meny? - Rayla murmurou.

-Não, só estou sendo precavida. - respondi para Rayla.

-Vamos, você vai gostar! - incentivaram Léo, Tayla e Dardânia - Vem ou não? - eu assenti para eles. 
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Passado Sangrento

Passado Sangrento - Capítulo IV



No capítulo passado: Ela disse-me que eu era perseguido por um vulto das trevas, então insistiu em me hipnotizar para me ajudar a perceber o meu passado. Só assim conseguiria livrar-me do mal que me perseguia há séculos. O que vi diante dos meus olhos foi um horror terrível e inexplicável…

Antônio Albuquerque era um modesto cultivador de uvas na região Minho. Herdara dos seus pais um terreno com alguns hectares para o cultivo de das suas vinhas. Albuquerque era viúvo de Carolina, que falecera ao dar à luz a pequena Maria. Albuquerque vivia com o seu neto, Manuel. Este, ainda jovem, já se mostrara um excelente lavrador, embora passasse a maior parte do tempo a brincar às escondidas com o seu cão, Dingo.

O ano de 1808 tinha principiado, e segundo os agricultores mais experientes, aquele iria ser um ano intrincado para os produtores de vinho. Por um lado, as intempéries dificultariam o cultivo; por outro lado, as invasões francesas tinham deixado os produtores com medo de investir. Quando a crise se agravou, os agricultores que se dedicavam em exclusivo ao cultivo das vinhas, foram obrigados a transformar os seus negócios em domínios feudais, para evitar a ruína e a falência.

Foi neste quadro que António Albuquerque conheceu o Conde Darkmoon – Um poderoso senhor Feudal inglês. O conde era um jovem distinto e excêntrico, proveniente da alta nobreza Inglesa, encarregando-se de dinamizar a atividade mercantil da época: importação de diamantes, provenientes de África, exportação de matéria-prima para a Europa, entre outras menos transparentes. O poderoso Conde apropriou-se dos terrenos dos pequenos e médios proprietários, transformando a região norte do país numa grande propriedade feudal. Os proprietários não tinham alternativa: Ou resistiam ao poder do conde, (o que lhes custava posteriormente, uma pilhagem por parte dos seus bárbaros capitães donatários) ou entregavam as terras a Darkmoon, que lhes garantia trabalho e proteção, através da cobrança do respectivo dízimo. Antênio Albuquerque optou pela segunda opção.

No dia 2 de Março de 1805 veio uma notícia que abalou toda a região. Um acontecimento macabro e sangrento derrubara a família dos Condes: a filha do Conde Darkmoon, a pequena Cintia, de sete anos, fora brutalmente violada e assassinada, numa zona recôndita da Casa onde ele habitava – A casa de Sezim!

Dois meses depois, uma outra criança, desta vez um rapaz de doze anos, filho de um dos agricultores, fora igualmente violado e assassinado. O seu corpo fora encontrado nas margens do rio Tama, alguns dias depois. Inexplicavelmente, os crimes macabros, não tinham fim. Em poucos meses, sete crianças tinham sido monstruosamente violadas e barbaramente espancadas até à morte. Não havia explicação para o que estava a acontecer. O assassino tardava em ser capturado.

Na véspera de Natal de 1808, o Conde Darkmoon dera um grande festim na sua luxuosa casa. Havia um majestoso baile de gala, muita animação, presentes para todos e um deleitante jantar. Uma festa que servia apenas para a grande nobreza ostentar os seus luxos e comparar as suas riquezas. Todos os agricultores do domínio do Conde e suas famílias foram obrigados a servirem no Palácio durante o banquete.

Enquanto a festa decorria, o pequeno Manuel Albuquerque fugira do trabalho duro da cozinha e escondeu-se no meio dos loendros à procura da sua amiga Madalena. Inesperadamente, um pequeno esquilo saltou-lhe à frente e fez-lhe uma graça, como se o cumprimentasse. Atraído pelo simpático animal, decidiu persegui-lo. O bicho penetrou pelo grande jardim que havia nas traseiras do palácio e seguiu em diante, através dum longo e estreito carreiro de arbustos ornamentados. Manuel perseguia velozmente o animal. Ao fim de percorrer aproximadamente cem metros, apercebera-se que estava perdido e que o esquilo desaparecera também. Tentou encontrar o caminho de regresso, mas fora infrutífero, pois o Palácio era rodeado por uma extensa área florestal. Manuel continuou a andar em círculos, até que “algo” o fez parar; parecera-lhe ouvir vozes. Escutara um breve sussurrar que provinha de uma cabana mal iluminada que havia lá ao fundo. O jovem acercou-se da pequena cabana, dando pequenos e comedidos passos para não fazer barulho. Ao abeirar-se de uma das janelas, viu o Conde Darkmoon.

O que ele faz ali?,  pensou.

No interior da cabana, ardiam centenas de velas pretas, que descreviam um pentagrama satânico em redor do Conde, que se detinha todo nu. Ele estava ajoelhado e vociferava palavras estranhas, ora inclinando o corpo para o solo, ora levantado o dorso. Grunhia numa língua que Manuel não percebia.

“Non volo moriture,
Mors ultima ratio.
Cuique suum,
Ex dono,
Sustine et abstina,
Testis unos, testis nullus”.

Ansioso, esticou-se para conseguir ver melhor aquele cenário de horror, e notou que o Conde não estava sozinho lá dentro. Ouvira chorar. Era um choro abafado e aflitivo, mas ainda assim, era um choro.

Olhou para o canto da cabana e as veias gelaram-lhe com o que viu: a pequena Madalena, de 11 anos, estava completamente amarrada junto à parede. Darkmoon preparava-se para a estripar com uma adaga “árabe” longa e pontiaguda. Manuel não conseguira conter-se com o choque e soltou um gemido. O assassino interrompeu o seu cruel movimento e os seus olhos loucos fixaram-se na janela. Notou que estava alguém lá fora. Vestiu uma capa sobre o seu corpo nu e saiu para o exterior.

-Pare de fugir bastardo! Eu te pego! – Resmungou num tom ”sem-vida”, mas mortalmente ameaçador.

Manuel correu a toda a velocidade. Não sabia em que direção fugia. O maldito Conde perseguia-o, mas não teria chances pois ele vinha a cavalo. Ouvia o resfolgar do animal e uma intensa galopada no seu encalço. A imagem da pequena Madalena não lhe saía da cabeça. Estaria viva, ainda?, pensava cheio de pena e sem fôlego. Quando por fim, as suas pernas se recusaram a correr mais, caiu no chão, completamente esgotado e vencido pelo cansaço. Não conseguia controlar a sua respiração, nem dominar o medo. Voltou a levantar-se e tentou correr novamente.

Dera três passos e sentiu os seus pés a levantarem-se do chão. Um braço forte, tinha-o agarrado com bastante força. Olhou para cima e, ao ver o corpo enorme de um adulto, começou desesperadamente aos pontapés.

-Fique calmo Manuel! Por onde andou? Já percorremos tudo à tua procura! – Bradou Antônio, tentando acalmar o seu neto.

-Vô! – Gritou em desespero – Temos de fugir daqui!

-O que se passa? Por onde tens andado, garoto? 

Manuel contara ao avô, tudo a que assistira no meio do bosque. Avisou-os de que o medonho conde o perseguia para o matar, tal como tinha feito com as outras crianças.

Antênio regressou para sua casa naquela noite. Ele sabia que o conde Darkmoon ia aparecer. Ele era o assassino, era um monstro. Matara oito crianças inocentes, incluindo a sua própria filha. Violava e matava-as no bosque que se estendia para lá da sua casa. Por isso, nunca fora apanhado. Agora, havia uma pessoa que podia identificar o assassino: o inocente Manuel.
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Feliz Natal

Feliz Natal - Capítulo Final


A criatura foi em direção aos policiais. Com uma faca na mão, chegou em frente a Inácio e pegou sua mão amarrada, libertando-a. Inácio tentou reagir, porém era fraco comparado ao monstro. Passou a lâmina de lado a lado da mão de Inácio, fazendo com que sangue jorrasse. Em sua outra mão estava uma tigela de madeira esculpida, com aspecto antigo e antiquado. O sangue caiu na tigela, suficiente para afundar a ponta de um dedo.

-Aaaaahhhh, maldito!

Num golpe rápido, a ponta do seu dedo foi amputada como se fosse manteiga, também caindo na tigela da criatura. 

-Filho da puta do caralho! - Gritava Inácio. - Aaaaaaaaaaah!

-Dói, né? Vai doer mais! Passamos séculos sem oferendas, graças àquela invasão religiosa maldita! 

Sangue escorria sem parar da mão direita de Inácio. Halthar deixou a tigela num móvel e, com a faca, se dirigiu a Fernandes. Olhou em seus olhos profundamente e libertou sua mão esquerda. Enfiou a ponta da faca embaixo da unha do polegar de Fernandes e cortou a carne embaixo dela. 

-Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaah!

Prensou a unha entre a faça e sua garra e a torceu para cima, puxando-a e arrancando-a, jogando ela na tigela. A dor foi excruciante. 

Então, uma voz conhecida se fez ouvir.

-Halthar, querido, voltei! - Dona Cleide, aparecendo. 

-Até que enfim, minha dama. Demorou muito hein, quase tive que terminar o ritual sozinho. 

-Jamais deixaria você se banquetear sozinho! Depois de tanto tempo sem oferendas, qualquer jantar é bem-vindo.

-D-dona Cleide... você... ele... - Disse Inácio, pálido como leite.

-Os ossos? Meu marido teve mais utilidade servindo de "quebra-ossos" do que teve em vida como mecânico. Haha!

-Tenho muita sorte em ter achado você novamente, Artha. 

-Também tenho muita sorte por ter você, Halthar. - Disse Cleide. - Mas veja, você quase terminou o ritual. Agora deixe comigo, você não está forte o bastante.

-Mas você...

-Anda, sente ali na cadeira e espere eu terminar. Descanse um pouco e deixe comigo, meu precioso. 

Halthar sentou-se na cadeira da cozinha, fechou os três olhos macabros e seu corpo se curvou ligeiramente. A criatura estava como que dormindo profundamente.

Nesse instante, Cleide tirou uma corda da gaveta de um móvel próximo a Halthar. Fez menção que ia amarrá-lo, porém a criatura abriu os olhos.

-Oh querido, não queria te acordar, perdão. Quero amarrá-los mais para garantir que não fujam.

-Tem certeza que não quer ajuda, Artha? Se você...

-Não se preocupe! Durma, meu amor, durma...

Cleide começou a entoar uma canção estranha em outra língua, e Halthar caiu num sono mais pesado que o anterior. Então, a velha passou a corda lentamente por volta da criatura, atando-o a cadeira. 

-Rápido, não temos muito tempo. - Disse Cleide desatando os policiais.

-Quem é você, sua bruxa? - Inqueriu Fernandes, segurando seu polegar.

-Velhos que não fazem nada, não é? Fui professora de história celta e línguas antigas, sei muito mais do que pensam. Felizmente para mim, essa coisa aí não sabe tanto quanto eu e realmente acreditou que sou Artha.

-Quem é ele? - Perguntou Inácio.

-Halthar, autointitulado "o Poderoso". Uma entidade celta antiquíssima. Se perdeu de Artha e agora vaga tentando achá-la, ou melhor, achar a reencarnação dela. Mas não é hora de explicar isso, temos que ser rápidos. O feitiço não vai durar muito. Andem, para frente!

Cleide guiou os policiais até uma porta na cozinha. Quando abriu-a, era a despensa. 

-Rápido, entrem.

-Na despensa? - Disse Fernandes.

-Quer entrar ou morrer? Não temos muito tempo!

Os policiais entraram e ficaram quase espremidos no minúsculo cômodo. Cleide então deu pequenas instruções. 

-Assim que eu fechar a porta, tirem o pote de arroz do lugar e vão achar um botão. Apertem-no e serão descidos ao porão. Procurem por uma janela pequena, um pouco acima da cabeça de vocês. Saiam por ela e...

A cabeça da velha foi dividida de cima a baixo, quase completamente. A criatura então arrastou o corpo da mulher para fora da vista dos policiais. Inácio então fechou a porta e fez o que a mulher havia explicado. Em poucos segundos estavam no porão. 

-Caralho, temos que sair daqui rápido! - Fernandes exclamou. 

Foi então que ouviram um barulho vindo do disfarçado e inesperado elevador pelo qual vieram. 

-Estou chegando para matar vocês, inúteis!

Fernandes e Inácio começaram a procurar a tal janela que a velha havia falado. Estava semi-escondida por uma caixa de papelão em cima de uma prateleira repleta de ferramentas. 

-Porra, como vamos passar por isso, Fernandes? - Disse Inácio, com o resto de seu dedo jorrando sangue.

Num acesso de loucura, o policial abaixou e gritou.

-Inácio, usa minhas costas de escada! Rápido porra, depois você me ajuda a subir!

Inácio subiu nas costas do policial e abriu a janela, jogando algumas caixas para o lado. Após sair pela janela, virou-se para ajudar o amigo a subir, porém tudo que obteve foi um grito estridente.

-Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaah!

Foi então que dois olhos foram jogados da janela e caíram ao lado de Inácio. Os olhos, ensanguentados, eram de Fernandes.

-Filho da puta, maldito do caralho! Chega!

Inácio foi até o carro da polícia, abriu o porta-malas e retirou um galão e um pé-de-cabra. Foi até a porta da frente da casa e emperrou-a usando a ferramenta. Vizinhos olhavam de suas janelas para a balbúrdia que estava acontecendo. Então, o policial abriu o galão e começou a jogar nas paredes exteriores da casa, janelas e no carro do casal. Foi até o portão deixando um rastro de combustível, e então pegou uma caixa de fósforos e acendeu um.

-Morra.

Jogou o palito aceso na trilha de gasolina e viu a casa explodir em chamas. Junto com as chamas e a fumaça, um grito de horror e maldição subiu e chegou aos ouvidos de Inácio, e um rosto hediondo se formara nas chamas. O policial caiu no chão em posição fetal chorando em silêncio.

Poucos dias depois...

-Doutor, o paciente do quarto 09 não melhorou. Devo aumentar a dose do medicamento?

-Sim, faça isso. Ministre 150 mg. Se não obtiver resultados, mandarei algo mais forte. 

No quarto 09, o paciente Inácio Freitas estava sentado em sua cama olhando para a janela, em direção a nada. Quando a enfermeira trouxe seu medicamento, não se deu ao luxo de encará-la. Ela passou os dedos em seus curativos e verificou que estava na hora de trocá-los. Se dirigiu então ao criado-mudo do paciente onde uma pequena caixa de plástico guardava os itens essenciais para a troca de bandagem. Quando a enfermeira pegou o bisturi que era usado para retirar os curativos, novamente o paciente entrou em estado de pânico.

-Aaaaaaaaaah, socorro, aaaaaaaaaaaaaaaah!

-Enfermeiros! ENFERMEIROS! Ajudem aqui!

Dois enfermeiros entraram para segurar o ex-policial enquanto a enfermeira dava-lhe o segundo sedativo no dia. Inácio permaneceria assim até que seu estado de choque fosse curado. No criado-mudo do quarto, o pequeno cartão repousava praticamente intocado. Em sua fronte, um alegre desenho natalino, e atrás palavras simples singelas: Feliz Natal.
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Passado Sangrento

Passado Sangrento - Capítulo III


Do meio da penumbra, como que disfarçada nas sombras, surgia a casa de Sezim. Só o vento se fazia ouvir pelo meio das árvores arrogantes que flanqueavam aquela imensa construção. A casa preservava as suas linhas harmoniosas, bem como toda a sua nobre monumentalidade. Acácio parou o Mercedes em frente ao edifício e observou a perplexidade no olhar de Ricardo ao vislumbrar a extravagante construção que se erguia perante ele.

Estava decrépita, pois já não era habitada há cerca de setenta e cinco anos. A casa situava-se numa bela rua tradicional da cidade, com famílias antigas e respeitadas. Fora uma casa senhorial de raiz agrícola. Uma excepcional propriedade erguida no século XIX, onde viveu ininterruptamente a família de Sezim. Agora era apenas um “museu” para ratos e aranhas. Não existiam quaisquer vestígios urbanos num raio de alguns quilômetros. Parecia que o tempo tinha parado no século XIX e assim tinha permanecido.

Depois de o seu ultimo proprietário (um conde Inglês) ter misteriosamente desaparecido em 1819, a Casa de Sezim nunca mais fora habitada por ninguém, nascendo assim o rumor da velha casa assombrada. Em 1930, o estado instaurou uma ação executiva e apropriou-se da propriedade, deixando-a ao abandono. 

Não foi preciso forçar o portão principal para penetrarem, pois apenas restavam algumas tábuas pregadas, que rangiam estridentemente quando arrastavam pelo chão. Acácio ia na frente e iluminava o corredor com uma lanterna a pilhas que retirara do seu bolso. Já no interior da casa, ambos pararam a contemplar a sua decrépita elegância: as paredes do salão nobre ainda se revestiam com um papel pintado de rara beleza.

O seu teto muito elevado conferia uma estatura descomunal ao hall de entrada. Do cimo do teto descaía uma enorme e aterradora teia de aranha, que pendia desleixadamente. Parecia estar ali para confirmar o abandono humano de décadas e décadas. Havia poeira no ar que se soltava do chão, após cada passada de cada um deles. 

É mesmo uma casa assombrada, pensaram. Acácio tomou a iniciativa e começou a subir a escada que levava ao piso superior. Achou que devia verificar os andares de cima em primeiro lugar, pois se alguém os esperasse para atacar, seria ali que se colocava, pois tirava maior vantagem posicional. Aprendera esta táctica na guerra.

-Não há ninguém, aqui! – Exclamou após ter revistado os quartos do andar de cima.

-Parece que aqui em baixo também não! – Respondeu Ricardo com uma entoação de alívio.

Um estrondo vigoroso de um trovão suspendera o silêncio sepulcral que se sentia na casa e a chuva começou a cair vigorosamente. Lá fora, o vento zunia zangado, forçando os carvalhos a balançar como se quisessem fugir do solo. Toda a casa rangia como se fosse um barco à deriva no mar nervoso. Caiu a noite e a casa ficou mergulhada numa acentuada penumbra.

-Temos de iluminar este lugar! – Advertiu Acácio.

Ricardo observou-o, e no momento em que o velho passou em frente de um espelho fixo na parede, ele notou que a imagem reflectida não fora a de Acácio Trigueiro, mas a do velho Albuquerque, com quem ele sonhava por vezes. Sentiu um formigueiro subir-lhe pela espinha.

-Sim, vou arranjar alguma madeira seca para fazer uma fogueira. – Sugeriu Ricardo.

-Nós já estivemos aqui! – Argumentou o velho Acácio, colocando as mãos sobre o lume para as aquecer.

-Como é que é possível já termos estado aqui? – Inquiriu Ricardo com o seu ar curioso.

-Eu explico. – Replicou ele calmamente, retirando o cachimbo do seu bolso. – Trabalhamos nesta casa em 1808. Eu era o teu avô e trabalhava na fábrica, lá mais atrás. O Conde Darkmoon era o dono de toda a região.

- Como sabe tudo isso? – Inquiriu Ricardo com o seu rosto sagaz.

- Fiz terapia de regressão... há trinta e oito anos! Ainda durante a guerra, eu estava na marinha e fui destacado para embarcar num cruzador. Mas em Janeiro de 1962, o navio teve uma grave avaria e teve de atracar de urgência, permanecendo num estaleiro durante uma semana. Enquanto o reparavam, decidi fazer algumas expedições pela selva, onde acidentalmente, conheci uma jovem de nome Hadija Aljani, feiticeira de uma tribo chamada “Sarparra” (cortadores de cabeças). Ela disse-me que eu era perseguido por um vulto das trevas, então insistiu em me hipnotizar para me ajudar a perceber o meu passado. Só assim conseguiria livrar-me do mal que me perseguia há séculos. O que vi diante dos meus olhos foi um horror terrível e inexplicável.
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Por Trás dos Milharais

Por Trás dos Milharais - Capítulo Final


Ele caminhava lentamente em nossa direção. Esboçava um enorme sorriso em seu rosto, repleto de cicatrizes.

-Se correrem sentirão mais dor! – Exclamou Cliv.

George me puxou para dentro da casa e trancou a porta.

-Vamos achar um lugar para nos esconder – Falou Claire.

-Vamos para o sótão – Disse Marcos, ofegante.

Todos subiram para o sótão. Era um lugar quente e escuro.

-E agora? Ele vai subir aqui! – Gritou George.

-Se acalme. – Disse, olhando pela janela.

Lá fora todos os espantalhos haviam virado cinzas. Pensei num jeito de enfraquecer Cliv e matá-lo. Até que algo me veio a mente.

-George, quero que me ajude a ir até a cozinha. E Marcos, fique aqui com a Claire.

Descemos as escadas com precaução. Seguimos até a cozinha sem o menor problema.

-Onde será que ele está? – Perguntou George, tremendo e suando.

-Deve estar nos procurando nos quartos. – Respondi.

Revirei as gavetas e prateleiras até achar o que eu queria. Peguei o saco de sal e segui para o sótão novamente.

Na escada de acesso ao sótão vimos Cliv. Que se dirigia para matar Marcos e Claire.

-Saiam daí! – Gritei.

Cliv olhou para trás e nos viu.

-Então o gordinho está aqui! Você será o primeiro! – Exclamou.

Ele correu na direção de George. A peixeira em suas mãos até parecia leve. A velocidade em que ele segurou o pescoço de meu amigo foi impressionante. Ele apertou-o com força, suas unhas entravam em sua pele, muito sangue era jorrado.

-Largue ele! – Gritei, tentando acertar um soco em sua face.

O soco atingiu seu rosto em cheio, mas não causou nenhum dano. Ele continuou segurando George.

-Assista seu amigo virar adubo! – Exclamou, sorrindo ainda mais.
Cliv segurou firme sua lamina e abriu a barriga de George com um forte movimento. Suas entranhas podiam ser vistas caindo no chão.

-Não! – Gritei.

-Sim! Sim! – Disse Cliv.

Ele segurou George e jogou-o pela janela.

-O solo ficará bem mais forte com esse aqui! Agora é sua vez. - Ele apontou para mim e sorriu.

Meu corpo inteiro estava congelado. Corri para fora da casa.

-Se der mais um passo seus amigos morrem agora mesmo! – Ameaçou.

Eu já estava no gramado. Cliv apareceu na porta segurando Claire e Marcos pelos braços. Sua peixeira estava guardada em um suporte em sua cintura.

-Quando o solo está nutrido você fica mais forte? – Perguntei.

-Vejo que entendeu.

-E se eu fizer isso? – Disse, jogando sal pela terra.

-Inteligente, porém não eficaz. Espero que tenha sal o bastante para a fazenda inteira.

Claire se soltou de seu braço e tentou correr. Cliv agarrou seus cabelos com força e a arrastou pelo chão.

-Se acha esperta não é?

Nesse momento ele puxou com mais força, arrancando seus cabelos juntamente com o couro cabeludo. Os gritos agonizantes de Claire podiam ser ouvidos de longe.

-Gostou querida? – Cliv riu novamente e pisou em seu pescoço, o quebrando como um copo de plástico.

-Cliv! Você por aqui? – A voz rouca não deixou duvidas de que era Pedro.

-O que quer aqui? - Perguntou Cliv.

-Quero apenas ver você morto... finalmente. – Respondeu, tirando um punhal de sua cintura.

Pedro caminhou até a distancia de um palmo de Cliv.

Marcos conseguiu se soltar e ficou ao meu lado.

-E como você pretende me matar? – Perguntou Cliv.

-Você nem imagina. – Pedro respondeu.

Cliv tirou sua peixeira da cintura e ergueu no ar. Pedro reagiu rapidamente, fincando seu punhal na parte abdominal de Cliv.

-Não dói tanto assim. – Um pouco de sangue saiu de sua boca.
Pedro ergueu a faca, ainda dentro dele, como se quisesse atingir todos os órgãos internos de seu inimigo.

Vimos o lugar ficar claro, varia tochas foram acendidas em cima do morro.

-Os moradores cansaram de sofrer. Querem vingança. – Disse Pedro, sorrindo – E agora desgraçado?

-Não vai ser tão fácil. – Respondeu, olhando a multidão se aproximar. – Morra!

A peixeira de Cliv atravessou a cabeça de Pedro. Um pedaço de sua cabeça caiu perto de nós. Ele tirou o punhal de sua barriga e lambeu o sangue, ainda sorrindo.

-Agora sim! O fim está próximo! – Exclamou.

A multidão correu em direção a ele. Tochas e pedaços de madeira atacaram o assassino.

-Acho melhor sairmos daqui. – Falou Marcos.

-Vamos até o portão da frente ver se a policia está a caminho. – Disse.

-Será que eles vão conseguir matá-lo? - Marcos me perguntou.

-Espero. – Tentei ser positivo.

Olhando para trás vi tudo ficar escuro novamente.

-Filho da puta! – Gritei, ao ver toda a multidão morta.

Conseguiu matar todas aquelas pessoas tão facilmente, pensei.

-Só há um jeito de acabar com isso. – Falei. – Fique aqui.

Corri em meio aos mortos e achei uma faca. O desespero tomou conta de mim.

Estava ficando louco.

-John, ele está ali. – Ele apontou para perto de uma arvore. – Vamos, qual é o seu plano?

Eu olhei fixamente para Cliv e sorri, finalmente havia entendido o propósito daquilo tudo. Finalmente iria conseguir me salvar.

-Qual é John? O que está acontecendo? Vamos dar o fora daqui! – Gritou.

Segurei firme a faca e cravei em seu peito. Marcos desabou no chão e seu sangue escorreu pelo solo.

-Até me sinto mais forte. – Falei.

-Será meu substituto. – Disse Cliv, orgulhoso.

-Podia ter dito antes seu propósito. – Afirmei.

-Mas daí, qual seria a graça?

Ele riu como se nunca rido antes. Seus olhos vermelhos estavam vivos e brilhantes, como se estivesse cada vez mais poderoso. 

Dois dias depois...

-E então John, vamos para a festa? Será num campo ao ar livre. Duzentas pessoas estarão lá! – Disse meu amigo, totalmente empolgado.

-Mas é claro. – Tentei esconder o sorriso em meu rosto.

Ao fechar a porta do carro vi meu reflexo no espelho. Duas pequenas manchas vermelhas começaram a se formar em meus olhos...

Autor: Firework Photos
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Passado Sangrento

Passado Sangrento - Capítulo II


Ricardo não era adepto de desportos radicais, mas naquela sexta-feira decidira ir até ao “parque da siderurgia” decidido a assistir às acrobacias que os praticantes destes esportes executam durante as suas performances. Além disso, estaria lá Cátia Faleiro com a sua Bike voadora. Para ele, isso era sinônimo de espetáculo. Cátia era uma garota de catorze anos, que frequentava o 9º ano, mas por quem ele tinha uma grande fixação. Não só por ser uma adolescente bonita, mas por tudo o que ela conseguia fazer em cima daquela Bike. Era uma arrebatadora de prêmios e de corações também.

O jovem sentou-se em cima do tronco de um carvalho e ficou a admirar a miúda a voar na sua Bike. Inesperadamente, apercebeu-se que alguém o observava. Era aquele homem que o perseguira naquele dia, à saída da escola. Reconheceu-o pelo odor do tabaco que soltara do seu cachimbo. Observou o homem e percebeu que este tinha começado a caminhar na sua direção.

Hesitou entre fugir devagar ou a correr. Mas a sua coragem levou-o a ficar ali quieto, à espera do homem misterioso.

-Olá. Não tenhas medo de mim, Ricardo!

-Como é que sabe o meu nome? – Perguntou com o rosto pleno de admiração.

-Eu sei sobre tudo sobre ti, rapaz – exclamou o velho, fixando-o.

-Desculpe, mas isso não é possível.

-É possível, sim. Sabes porquê?

-Não...

-Porque tu e eu temos os mesmos sonhos. Os mesmos pesadelos - Exclamou o velho.

-Eu não tenho pesadelo nenhum. – Respondeu Ricardo apressadamente.

-Tens! Eu sei que tens. Sonhas com um casa no campo, com o teu cãozinho, Dingo. E depois...com o monstro!

-Como é que sabe tudo isso?

-Porque já vivemos outras vidas, tu e eu. E há muito, muito tempo, nós dois enfrentamos o monstro.

-Que monstro? – Indagou Ricardo, perplexo.

- O conde Darkmoon!

Aquele nome tinha-lhe soado estranhamente familiar. Como era possível?

-Alguém ou algo o ressuscitou – Continuou o velho Acácio – e agora ele anda desesperadamente à tua procura, Ricardo.

-E agora? O que posso eu fazer? – Balbuciou.

-Tens de confiar em mim e vir comigo. Vamos fazer uma viagem no espaço e no tempo.

Ricardo abandonou o parque da siderurgia com o velho Acácio trigueiro. Depois enfiou-se dentro do Mercedes com ele e seguiram viagem em direção ao Minho.
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Por Trás dos Milharais

Por Trás dos Milharais - Capítulo III


Na barraca, nenhum sinal de vida.

-Vamos voltar para a casa! – Gritei.

George e David já estavam correndo para dentro. 

-Desgraçado, filho da puta! – Gritou George, empurrando com o dedo o peito de David. – Eu falei para você não mexer com isso!

-Cala boca seu gordo idiota

David e George começaram uma briga. Marcos e eu os seguramos.

-Parem com isso, temos problemas maiores por aqui! – Falei.

-Vamos procurar pela Rebeca e dar o fora. – Falou Marcos.

-Procurar? Ela está morta! Vamos embora! – Disse George.

Soltamos os dois fomos até o telefone pedir ajuda.

-A ajuda já está a caminho pessoal. – Falou Claire.

Isso nos aliviou por um tempo.

-John! John! – Gritou George.

-O que aconteceu? 

-O espantalho estava se mexendo. Eu juro que vi. – Disse ele, apontando para o milharal.


-O chapéu... O chapéu! – Gritei. – O chapéu dele tinha voado, tenho certeza!

Nessa hora um grito foi dado. 

-Foi a Rebeca! Veio do milharal! – Exclamou Marcos, correndo em direção ao gramado.

Corremos pelo meio do milharal em busca de Rebeca.

-Está vindo de lá – Gritou Marcos, apontando para a esquerda.

Chegamos no lugar onde o espantalho se encontrava. Em volta de sua estaca de madeira havia sangue espalhado pela terra e no rosto inanimado havia um sorriso macabro.

-Mas que merda é essa? – Gritou David.

Claire ficou em choque, se debruçou no chão e começou a chorar.
Estava muito escuro, apenas a luz das estrelas clareavam o local.

-O que estão fazendo aqui? – Uma voz grossa ecoou no ambiente.
Todos ficaram apavorados. Era um sujeito se aproximando.

-Vamos sair daqui! – Gritou Marcos.

Corremos até a casa e trancamos a porta.

-Mas que merda é essa? – Ouvimos o grito de George.

Ele estava na porta da cozinha, olhando fixamente para dentro. Com pedaços de carne e pele colados na parede, uma mensagem era dada:

“E agora... Acredita?”

-Seus tios têm algum tipo de arma aqui? – Perguntou David.

-Nenhum tipo. Mas Pedro pode nos ajudar. – Respondeu.

Ouvimos um estrondo vindo do lado de fora da casa.

-O que é isso? – Falou George se segurando nos moveis.

-Vamos pedir ajuda nas casas em cima do morro! – Exclamei.

Vários espantalhos cercavam a casa, impedindo nossa passagem. Todos eram iguais aquele já visto por mim. Ambos sorriam.

-Merda! – Gritou George.

David segurou um pedaço de madeira e acertou um espantalho com força. Passou por uma brecha entre dois bonecos.

-Consegui sair!
-Tome cuidado! – Alertou Claire.

Nessa mesma hora ouvimos o barulho de uma navalha cortando o ar. A cabeça de David fora jogada no nosso lado.

-Ah! Merda! Vamos todos morrer – Falou George. Claire entrou em desespero e entrou em disparada para dentro da casa.

-Claire! Temos que ficar juntos! - Gritei.

Seguimos ela até a porta do banheiro, onde ela havia se trancado. Ouvimos seu choro.

-David mereceu! Ele mereceu! – Disse George.

-Por que estão atrás de nós? Foi ele o culpado! – Marcos concordou.

Olhei por todas as janelas. Estávamos realmente cercados.
O telefone tocou. Corri para atender-lhe.

-Alô?

-Olá John. Aqui é Pedro, o vizinho. – Reconheci a voz dele, era a mesma voz que ouvimos no milharal.

-Fale como saímos daqui! Tire-nos daqui depressa! – Gritei.

-Vocês foram avisados. Era tão simples, apenas não falar aquela frase e não sair a noite. Isso provocou Cliv.

-Vocês do morro podem nos ajudar? – Perguntei.

-Você ainda não entendeu? Já estamos ajudando. Os espantalhos representam nossos parentes que morreram... estão mantendo Cliv fora da casa.

Fiquei em silencio.

-Mas os espantalhos não aguentarão por muito tempo. – Continuou – Cliv logo entrará ai. Há anos que tentamos achar a forma de matá-lo, mas a única pessoa que conseguiu isso foi o criado...
A ligação caiu.

-Era Pedro? – Perguntou Marcos.

-Sim. E temos que agir rápido. Cliv entrará em instantes.

Entrei no quarto onde a frase de Cliv estava escrita.

-Aqui que Cliv foi morto – Falei.

-Como você sabe? – Perguntou Marcos.

-Vi seu tio apagando a mensagem ali escrita. –Apontei.

Investigamos o quarto até que George entrou correndo pela porta gritando.

-Os espantalhos estão pegando fogo!

-Ele vai esperar eles virarem cinzas... – Disse.

-Vamos George, ache a arma que matou Cliv. Ela deve estar aqui. – Falou Marcos.

Reviramos o quarto e não achamos nada.

Em um momento de fúria joguei a cadeira de madeira contra a parede. A velha estrutura desabou.

-Tem algo aqui pessoal. – falei.

Dentre os destroços vi uma coisa um pouco arredondada. Tirei-a de lá e a limpei.

-Merda cara! Isso é...

-Um crânio – Interrompi George.

O resto do esqueleto se encontrava no meio da sujeira.

Todas as janelas da casa estouraram. Claire apareceu no quarto, gritando.

Estava ensanguentada, um pedaço de vidro atingira seu rosto.

-Não precisam se esconder! Quando eu entrar ai, acharei todos! – A voz ecoou pela casa.

Fui para o gramado e fiquei de frente para os espantalhos em chamas.

-Achei seu crânio, desgraçado! – Gritei, jogando o crânio por cima das chamas.

Uma risada alta e irritante começou a ser dada.

-Você acha mesmo que isso é meu? – Questionou – Esse crânio é de Earl... aquele criado achava mesmo que iria conseguir me matar. Eu deixo o solo forte com o sangue das pessoas, e ele retribui me deixando cada vez mais poderoso. Nem mesmo a morte conseguiu me deter.

Todos ficamos quietos.

-Só quero vocês mortos! Só isso! – Disse ele, rindo.

-Filho da puta! – Gritou George.

-Agora o gordinho é o primeiro da minha lista. – respondeu o xingamento.

Nesse momento os espantalhos começaram a se desintegrar. A frente nós finalmente vimos Cliv. Era um senhor alto e forte, usava um macacão típico de fazendeiros. Usava uma enorme peixeira nas mãos. Tinha a barba branca e seus olhos eram vermelhos e nos olhava com ódio.
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