A Coisa Maligna - Capítulo 6
A Coisa Maligna não é um simples demônio, uma simples aparição ou qualquer outra coisa. Ela é mais que isso.
Ela é o mal encarnado numa fera voraz, com fome de carne e sede de sangue, eternamente insaciável. Nos jornais de manhã, mais uma notícia atormentadora. "Motorista é morto e restos são encontrados próximos à floresta". Há algo pior do que ter uma coisa desconhecida matando pessoas? Trucidando e aniquilando qualquer um que se meter em seu caminho. Mas para Dora, isso não é importante.
-Senhor, tudo isto ficou em R$ 52,30. Vai pagar com cartão? Certo, aqui está seu troco. Tenha um bom dia.
-Ei, você. - Disse Dora, entrando na farmácia. - Você é George Butren?
-Sim, o que deseja?
-Eu conhecia o Senhor Jenkins, sei sobre o livro, e sei sobre o que aconteceu com ele. Você deu o livro a ele, e o matou.
-Onde você ouviu isso?
-Não interessa. Mas agora você precisa me ajudar! A Coisa Maligna está a solta, e preciso detê-la!
-Cale a boca. Cada vez que você fala o nome dela, está provocando o demônio. Se ela te pega, não sobram nem os ossos, acredite. Agora, preste atenção: somente quem invocou a criatura pode detê-la. somente você pode fazer isso. Pegue o livro, não deixe-o sozinho jamais, ou então morrerá. Eu não posso lhe ajudar, e se vier aqui de novo, terá mais coisas com que se preocupar além daquele demônio.
Medo? Terror? Qual palavra seria forte o suficiente para descrever o que Dora estava sentindo enquanto saia da farmácia? Talvez nunca possamos saber, afinal, risco de vida ela corre.
Chegando em casa, Dora pega o livro e guarda-o em sua bolsa, porém percebe algo anormal. Está quieto demais. Mike não está no quarto, e o choro de Gabrieli chamou a atenção de Dora.
-Gabrieli, o que foi?
-Dora! Mike sumiu! Um cachorro muito feio e grande veio aqui e levou ele! Estou com medo!
-Onde está mamãe?
-Foi buscar o jantar e já volta, mas eu não quero ficar aqui. Estou com medo!
-Vamos fazer assim: você vai ficar aqui quietinha, enquanto eu vou buscar o Mike. Espere mamãe chegar e não diga nada a ela, está bem?
Dora sai do quarto com medo, porém ela sabe como organizar as ideias. Ficou pensando na frase que George havia lhe dito há alguns dias. "Duas cabeças pensam melhor do que uma, mas pensam e querem coisas muito diferentes".
-Dora! Você está aí?
-Sim mamãe!
-Ah, que bom que chegou! Fui até o mercado comprar este peru. Teremos um jantar especial hoje a noite! Mas preciso ir até San Luigi para resolver algumas coisas, e não chegarei a tempo para prepará-lo. Então, você terá que fazer isso por mim. Beijos.
-Está bem. Tome cuidado...
O medo é incrível. Nos ajuda a pensar, mas ao mesmo tempo nos deixa a incerteza do que pode ser correto ou não.
-Não fique com medo, Dora. - Disse George. - Tudo vai acabar bem. Eu sei onde a fera está, siga-me.