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Por Trás dos Milharais

Por Trás dos Milharais - Capítulo I



Milhos, milhos e mais milhos...

David estava no volante, cantarolando a musica Highway to Hell.

-Não consegue dirigir em silencio? – Perguntou George.

-Cala a boca! O carro é meu. Se não quiser ouvir vá a pé! – Respondeu.

Estávamos em seis no carro. Indo a cerca de 120 quilômetros por hora em direção a fazenda de Marcos. Ele iria encontrar-se com seus tios e passar as férias por lá, levando seus amigos com ele.
Claire e Rebeca eram as únicas mulheres no carro, conheço-as desde o primário. Já Marcos entrou na metade do ano em nossa classe do segundo ano. David era o cara “boa-pinta” do colégio, sempre bem arrumado e com bom papo.

George é o palhaço da turma, sempre dizia para ele ser comediante quando mais velho. Ele é um rapaz grande e gordo, sua respiração parece sempre ofegante.

-Seus tios são legais por nos deixarem vir com você. – Disse Rebeca.

-Eles são gente fina – Respondeu, tomando um gole de cerveja.
Estava entusiasmado para chegar lá. Eu, John, longe de tudo e de todos. E o melhor de tudo! Com meus melhores amigos! Achava que nada poderia dar errado.

-É logo ali – Disse Marcos – Nessa primeira entrada a direita.
O carro passou por uma entrada de terra e parou na frente de um grande portão de madeira.

-Tá. E como entramos? - Perguntou David.

-Então... Aperta o interfone ali playboyzinho. – Respondeu George, saindo do carro para abrir o portão.

Todos rimos da piada.

A fazenda era muito bonita, havia uma enorme casa de madeira no meio dela com uma piscina ao seu lado.

-Olha o tamanho da piscina! – Gritou Claire.

-Talvez eu caiba nela! – Exclamou George.

Nos dividimos para levar as malas para dentro da casa. Entrando nela cumprimentamos os tios de Marcos e nos dirigimos aos quartos.

A tia dele se chamava Lucia e o tio se chamava Mario.

-Eles são muito simpáticos. – Falei para Marcos.

-É de família. – Ele respondeu sorrindo.

Após nos acomodarmos fomos chamados para o jantar.

-Suco de maracujá! Eu adoro! – Exclamei admirando a mesa.

-Que bom querido. Espero que todos gostem daqui. – Disse Lucia, sorridente.

Conversamos bastante enquanto jantávamos. George arrotou umas cinco vezes e contou dezenas de piadas. Mas tudo foi atrapalhado por uma leve batida na porta da frente.

-Quem será? – Disse Marcos.

Mario se levantou e foi ver quem era.

Parte das portas da casa eram transparentes, apenas a da frente que era uma porta normal. Tive medo de ver algo ou alguém por lá, estávamos longe da cidade. E isso incluía os policiais e qualquer ajuda possível.

-Tudo bom com você Pedro? – Disse Mario abrindo a porta e abraçando o sujeito ali presente.

Todos olhamos a afinidade dos dois.

-Esse é o nosso mais próximo vizinho, mora aqui dentro da propriedade mesmo. Estava há um tempo fora pois foi se operar do coração.

Pedro era alto e forte, tinha a aparência estranha e não estava muito animado.

-Tenho que conversar com você Mario. – Disse Pedro, olhando seriamente ao amigo. – Podemos conversar lá fora?

Os dois se retiraram da casa.

-O que será que aconteceu? Parece serio. – Disse Claire.

-Não se preocupem jovens, não deve ser nada. – Falou Lucia.

Mas vi em seu rosto uma certa preocupação.

No dia seguinte tomamos café da manhã e nos dirigimos até a piscina para relaxar.

Olhei para cima de um pequeno morro e vi pequenas casinhas - se comparadas a dos tios de Marcos – muito distantes , ali deveria morar Pedro. Vi uma certa movimentação naquele local. Mais pessoas residiam lá, porém todos nos olhavam com certo receio, pareciam estar com medo.

-Olhem aquela gente lá em cima. – Disse, apontando com o dedo.

Todos os rostos se viraram para eles.

Na mesma hora as pessoas entraram em suas casas, como se estivessem se escondendo.

-Estranho! – Exclamou Rebeca.

-Devem ter se assustado com sua feiura David! – Disse George.

-Se assustaram com sua gordura , isso sim! – Respondeu, enfiando a cabeça de George na água.

Estávamos nos divertindo bastante por lá. Até que David resolvera passear pela Fazenda. Todos os seguimos, mas essa foi uma péssima decisão.

-Vamos voltar, já estamos andando faz tempo. – Resmungou George, já suando.

-Não andamos nem cinco minutos, pare de reclamar. – Respondeu David.

-Estou com ele, é melhor voltarmos. Podemos nos perder. – Disse Rebeca.

- Então voltem vocês, eu conheço esse lugar desde pequeno. – Falou Marcos.

Então caminhamos até um lugar onde dava-se para ver todo o milharal. Naquela hora já estava anoitecendo. O milharal, em certas partes, se mexia constantemente. Como se alguém estivesse passando por ele.

-Tem alguém no meio do milharal – Falei.

Todos olharam com atenção e conseguiram enxergar.

-É verdade... – Falaram quase em conjunto.

-Deve ser um trabalhador daqui, colhendo espigas. – Disse Marcos.

Isso me deixou mais calmo, aquele lugar era sombrio.

No jantar daquele mesmo dia nos reunimos novamente para conversar assuntos diversos.

-Em falar nisso Tio, vimos um cara no milharal, devia estar colhendo espigas de milho. E esses bobões ficaram assustados. – Disse Marcos, rindo da situação.

Lucia e Mario de entreolharam e ficaram sem falar nada por um tempo.

-Marcos. – Disse.

-Sim tio.

-Não temos colhedores de milhos por aqui.

Todos largamos os talheres e olhamos atentamente ele continuar.

-Tínhamos há um certo tempo. Mas desistimos do negócio... Mas aposto que era um vizinho passando por lá apenas... Eles sabem que não podem zanzar por lá...

Vi nos rostos de meus amigos um certo medo.

-Peço a vocês um pequeno favor. Não andem lá fora durante a noite. Muitos animais andam por aqui, vocês podem ser atacados.

-E também não conte aos seus amigos aquelas historias Marcos. – Disse Lucia. – Pode assusta-los.

-Obrigado por me lembrar tia Lucia! – Falou Marcos – É tradição assustar os convidados.

-Não andem lá fora durante a noite – Disse David em tom de deboche.

-Vamos respeitá-los David. – Rebeca rebateu.

David pegou as chaves de seu carro e se dirigiu até a porta.

-Vou até meu carro pegar meu boné.

-Espere! – Gritei. – Você não vai sair sozinho.

-Você é quem sabe. – Respondeu.

O barulho que a porta fez quando se fechou estremeceu meu corpo. Tudo estava escuro e quieto. David caminhava até o carro enquanto eu o seguia.

-Aqui está – Disse ele, pegando o boné no porta-luvas.

-Agora vamos. – Falei.

-Está com medinho, John? – Perguntou.

-Claro que não. – Respondi.

Ele olhou para mim e começou a rir. Acenou com as mãos para eu o seguir. Voltamos para a casa e fomos recebidos por Marcos.

-Vocês são surdos? Não escutaram meus Tios? – Gritou conosco.

-Calma cara, fui buscar meu boné! – Disse David, colocando o 
boné vermelho na cabeça.

-Acho melhor dizer a vocês o que acontece com quem sai a noite por aqui...

Marcos se sentou na mesa e começou a falar.

-Tudo começou quanto o dono dessa propriedade, meu bisavô, resolveu compartilhá-la com um grupo sem terra. A fazenda criava muitos animais e não fazia nenhum tipo de plantações ou algo do gênero. Com a chegada dos sem terra meu bisavô foi visto como um bom homem na região.

-Que porre. – Disse David.

-Mas como tu é chato cara! – Gritou George. – Prossiga.

-Então. O solo da região nunca foi produtivo, parecia até que alguém tinha jogado sal para que nada nascesse ali. Mas tudo mudou com a chegada de um sem terra chamado Cliv. Ele era um homem muito simpático e afetuoso, todos os adoravam. Certa vez ele prometeu ao meu bisavô que o plantio renderia naquele ano. Meu bisavô riu da situação e disse que não havia jeito de se plantar nada naquelas terras.

-E ele conseguiu? – Perguntei.

-Sim. Em um ano ele conseguiu o que em vinte meu bisavô jamais pensara em fazer. O milharal cresceu rapidamente. As espigas eram até exportadas, a qualidade era impecável. Mas meus parentes acharam tudo aquilo estranho, e foram em busca de respostas para o ocorrido. O grupo sem terra estava cada vez menor e o milharal cada vez maior.

“Como conseguiu isso Cliv?”
“Descobri apenas o que o solo queria, Senhor.”
“E o que era?”
“... o solo pedia sangue... sangue humano”

-Todos na família ficaram em choque e meu bisavô mandou um de seus criados trancá-lo em um quarto e depois matá-lo. No dia de sua morte ele escreveu com as unhas na parede de madeira: “Estarei vagando no milharal, quem quiser ter-me como companhia é só dizer que não acredita em mim.”

-Nossa que medo – Debochou David, erguendo suas mãos e balançando.

-E não acaba por ai. Os sem terras continuam na fazenda. Aquelas pessoas que vocês viram ontem são descendentes deles.

-Isso explica o medo... – Falei.

-Você está acreditando nisso, John? – Falou George.

-Se não está, deveria. – Continuou Marcos. – Um menino que morava ali em cima ouviu a historia e gritou bem alto de frente para o milharal: “Eu não acredito em você Cliv!”. Testemunhas por aqui disseram que ele foi puxado pelo pescoço por um enorme homem e levado para o milharal.

-Faço isso sem medo. – Disse David – Que bobagem.

Sempre fui de acreditar em coisas sobrenaturais, então tive receio de que algo ruim iria acontecer ali. Após aquela historia que Marcos contou, todos pareciam preocupados. Todos já estavam dormindo enquanto eu não conseguia fechar os olhos, me virava de um lado para o outro na cama. Me levantei e fui beber um pouco de água, na parte de baixo da casa. Fiquei de frente para as portas transparentes e fixei meu olhar no milharal. Nada acontecia, devia estar louco. Colocando meu copo na pia me virei para o corredor e percebi que haviam varias portas diferentes na casa. Uma parecia ser comum, outra era de madeira podre e a mais sinistra era de metal, cheia de trancas.

Me locomovi para ver melhor, senti que eles deveriam trancar algo muito importante ali. Empurrei levemente ela e por mais incrível que possa parecer ela se abriu. Era muito mais leve do que parecia. Espiei lá dentro e vi Mario segurando uma espécie de faca e resmungando. “Mario! Faça isso! Mario! Faça aquilo!” Foi só o que consegui ouvir. Ele raspava a parede com a faca, como se apagasse algo que estava escrito nela. Me lembrei da historia de Marcos na mesma hora. Olhei bem em meio a escuridão e vi apenas o ultimo trecho, ainda intacto. 

“ACREDITA EM MIM”