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Passado Sangrento

Passado Sangrento - Capítulo Final


XIX - Uma Memória sombria
A noite já ia longa quando todos se aperceberam da comparência silenciosa de Darkmoon. Darkmoon envergava uma extensa capa de couro, que se alongava desde o arcaboiço, até aos pés. Era muito alto, devia ter um metro e noventa e cinco, ou mais; enfiava um bizarro chapéu de feltro púrpura na cabeça, cuja sombra lhe escondia o rosto misterioso. Darkmoon sabia onde estavam os seus adversários, por isso estava ali.
Começou por regar a casa com álcool. Deitou uma chama para o solo da casa velha e deixou as chamas treparem pelas paredes, até ao tecto. Esperou. Eles haviam de aparecer a qualquer momento, asfixiados pelo fumo e pelo calor.

A nobre casa de Sesim, em poucos minutos, ficara completamente consumida pelas chamas, mas nem sinal dos opositores de Darkmoon. Confuso, apercebeu-se de que, aqueles que perseguia, já não estavam dentro da casa. Tinham fugido. A sua posição fora denunciada quando pegou fogo à decrépita construção. Nesse momento, ouviu uma tábua a partir-se. Um corvo adejou, vindo do interior do celeiro abandonado que existia a cinquenta metros da casa velha - Eram eles!
Darkmoon dirigiu-se à velha arrecadação com a sua Pedersoli em punho. Abriu a porta central, devagar. O interior do depósito estava todo iluminado com fachos, meticulosamente amarrados às paredes. Ao fundo, vastos montes de feno, amontoavam-se, entre ferramentas e alfaias rurais. Subitamente, do meio dos aglomerados de pasto, surgiu o pequeno Ricardo. Olhou para Darkmoon e viu-lhe o rosto pela primeira vez: «Era hediondo» pensou. Uns grandes olhos verdes e desumanos observavam-no como se o quisessem dominar.
Ricardo tremia de medo, enquanto continuava a fitar o seu opositor:
-Estou aqui, Conde Darkmoon! Sou eu quem tu procuras. Deixa o meu avô em paz! - Balbuciou com a voz a tremer, mas com os olhos firmes. Mas a criatura nada dizia, continuava a examinar o pequeno, arfando como um animal, ostentando umas largas narinas, que tremiam como as de um lobo. Ainda lhe conhecia o cheiro. Ricardo podia senti-las a farejar ansiosamente.
Darkmoon apontou-lhe a arma, como se estivesse a tentar imobilizá-lo. Ricardo conseguira ver-lhe a mão. Na verdade não era uma mão, era uma garra. Tinha uns dedos ossudos e volumosos. Tirou o chapéu, deixando cair a sua longa e farta cabeleira sobre os ombros. Foi quando Ricardo viu que a face de Darkmoon era coberta de queimaduras. Era uma face hedionda e deformada.
Darkmoon, não atacou Ricardo. Percebeu que lhe tinham armado uma cilada. Desta vez não seria surpreendido. Tal como os seus opositores, Darkmoon, adoptara a sua própria estratégia para a vingança.
-Sabes Albuquerque... – Grunhiu – Eu não sou uma alucinação. Eu sou o dono da tua mente e da tua vida. Eu sou, o dono do teu destino.
- És um ser sem alma, Darkmoon! – Interpôs Acácio.
-E a tua mulher, a tua querida Filomena? - Gozou o Conde – Fui eu que a matei naquela noite. Ah, como ela grunhiu, suplicando para que não a matasse...
Nesse momento, Acácio escapou-se do local onde estava escondido e correu como um louco em direcção a Darkmoon. Puxou da sua caçadeira e apontou para ele. Tranquilamente, Darkmoon desarmou-o e apenas com o dedo polegar e o indicador, elevou o velho Acácio em peso no ar, apertando-lhe a traqueia. Acácio parecia uma marioneta a tremelejar ao vento. -Eu sou a tua vida, velho, mas também sou a tua morte! – Rosnou o ser, enquanto lhe prensava o pescoço. Ricardo abdicou do plano que estava delineado e tentou ajudar o velho Acácio, que já estava roxo e à beira da asfixia, pendurado entre os dedos de Darkmoon.
Ricardo deteve-se, quando percebeu, que mesmo em dificuldade, o velho Acácio lhe fizera um gesto com a mão para esperar. Por fim, Darkmoon soltou o velho Acácio, deixando o no chão, meio aniquilado.
O Conde voltou a contemplar o Barracão. Procurava por Ricardo, que exibiu a cabeça por trás de um monte de feno.
-Estou aqui, palhaço! – Berrou o miúdo, chamando-lhe a atenção.
O conde deu dois passos em frente e inesperadamente, sentiu o chão fugir-lhe dos pés. Uma grande fossa abriu-se sob ele, engolindo-o lá para dentro. Tratava-se de fosso que fora escavado de propósito para ele. Caíra em cima de algo mole, que amortecera a sua queda. Olhou em seu redor e viu-se envolto por dezenas de cobras de todos os tamanhos e de todas as cores. Viscosas e entrelaçadas, amontoavam-se, umas em cima das outras, movendo-se em direcções alternadas. Tentou disparar sobre as cobras, mas apercebera-se de que a sua estimada Pedersoli estava perdida no meio daquele amontoado de serpentes. Darkmoon seria devorado num ápice. Curioso, Ricardo acercara-se do fosso. Queria ter a certeza que o plano tinha dado certo. Queria assistir de perto à morte do monstro que o atormentara através de pesadelos, toda a vida. Envolto no meio das cobras e já em sufoco, esticou bruscamente o braço e alcançou a bainha das calças do garoto, levando-o a cair também para dentro do fosso repleto de cobras – Darkmoon tinha-o apanhado.
-Socorro! Acácio, tire-me daqui! Tire-me daqui depressa! – Gritou ele a chorar. Gesticulava, desesperadamente. Acácio agarrou num tronco comprido e correu em direcção ao fosso. Deu a extremidade do tronco a Ricardo, que o segurou com toda a força, até que foi arrancado do meio das garras do inimigo, que já se preparava para o estrangular.
Acácio Trigueiro retirou o diário maldito do seu bolso e bradou:
-Estão aqui as tuas memórias, Conde! Eis o que resta de ti: um diário! Não passas de uma memória retida no tempo! Exibiu o diário no alto, para que Darkmoon o visse. De seguida pegou fogo ao livro amaldiçoado do Conde e atirou-o para cima dele.
Nesse momento, as labaredas do livro apoderaram-se do traje do Conde e este fora invadido pelas chamas.
-AAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHH! -Grunhia desesperadamente, enquanto as cobras lhe invadiam o corpo para fugirem do fogo.
Ricardo fora imediatamente aconchegado por Acácio.
Ambos permaneceram quedos a observar a destruição do monstro no fundo do fosso, teimando em confirmar que o plano do velho Acácio resultara na sua plenitude.
Acácio preparara aquela emboscada a Darkmoon, há alguns anos atrás. Fora ele quem atraíra as cobras para aquele local. Posteriormente ergueu o barracão por cima do fosso e recheou-o com feno para atrair insectos e roedores para servirem de alimentação às cobras.
-Acho que já não há mais nada para fazer aqui! – Disse Acácio
-Sim! – Anuiu Ricardo.
Afastaram-se do barracão que já ardia também. Ricardo ainda olhou para trás. Queria ter a certeza, de que aquele monstro demoníaco tinha ficado, mesmo prostrado no meio das cobras. Não havia vida. Apenas chamas a destruir as madeiras e o feno que restava no celeiro. Sob as labaredas estaria Darkmoon. Ardia no inferno.