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    Apenas um desenho...
    Até que ponto um simples desenho é inocente? Existem coisas macabras no mundo, e este vídeo certamente é uma dessas coisas. Confira! Leia Mais...

Passado Sangrento

Passado Sangrento - Capítulo 5


VII - À espera do Monstro
Era véspera de Natal, e todas as famílias estavam reunidas, numa mesa farta com comida, bebida e doçarias. As crianças esperavam ansiosas, pela hora de abrir os presentes. Todas, excepto a família Albuquerque. Estes tinham uma contenda pela frente e não era uma contenda qualquer. Tinham de enfrentar o mais macabro dos assassinos, o homem mais poderoso da região: o Conde Darkmoon.
António Albuquerque naquela noite teve uma ideia fulgurante. Um fabuloso plano para escapar às garras sangrentas de Darkmoon.
Era madrugada e a neblina adensara-se. Manuel estava acordado no seu quarto e aguardava pela chegada daquele homem demoníaco, que vira dentro da cabana, com a pobre Madalena. Ele tremia de medo. Ouvira Dingo a ladrar. Não era um latido normal. Rosnava e babava-se. Dingo só ladrava daquela maneira, quando pressentia a presença de estranhos. Era ele. Tinha chegado. Manuel escutou os vagarosos e calculados passos do inimigo a aproximarem-se do seu quarto. Esperou mais um pouco. Levantou-se, abriu a janela e saltou para o telhado. Deste, saltou para o solo, cumprindo a rigor tudo o que fora combinado com o seu avô. Caíra mal e sentiu algo a estalar no seu tornozelo, mas não desistiu. Levantou-se e desatou a correr em direcção às vinhas.

Ouvira um Latido agudo e aflitivo, vindo do interior da casa e a seguir, tudo ficou silencioso novamente. Tinha acabado de matar o Dingo. Aquele monstro esventrara o seu melhor amigo. Manuel pressentia que estava a ser seguido. Ouvia as densas passadas de Darkmoon por entre as vinhas, mas quanto mais perto estavam, mais forças adquiria para fugir. Tropeçou e caiu. Tentou levantar-se, mas já era tarde demais – já estava cativo nas suas garras.
-Pensavas que podias fugir de mim, meu puro anjo? – Roncou ele de modo ameaçador. Manuel sentira-se desfalecer. Rezou por Deus. Tudo estava perdido.
-Larga o meu neto, Darkmoon! - Era a voz de Albuquerque. - Ou senão, encho-te de porrada! – Ordenou ele num tom intimidador, apontando a arma à cabeça do Conde.
-O quê?...Como é que sabiam que...Malditos sejam! – Praguejou o Conde assombroso. Darkmoon levantou os braços em modo de rendição, mas num gesto brusco, puxou da sua “Pedersoli”(4) e disparou contra Albuquerque, ferindo-o na perna esquerda.
Quando Darkmoon se preparava para disparar o segundo tiro, Manuel despejou-lhe uma garrafa com aguardente de medronho para cima da sua longa capa, deixando o Conde, meio aturdido. De imediato, Albuquerque, voltou a agarrar na sua arma e despejou-lhe dois tiros no peito. Por fim, ateou fogo a um archote e atirou-o para cima do inimigo, que o fez explodir em chamas.
Albuquerque ergueu o seu neto do chão e alojou-o no seu colo. Depois correu em direcção a casa. Darkmoon não conseguira apagar as chamas da sua roupa e em desespero, correu pelas vinhas a gritar nem um possesso. Não tinha a noção para onde ia. Estava completamente envolto em chamas. Ia morrer como merecia. Por fim, acercou-se do poço, que havia junto à casa e atirou-se lá para dentro. Já não suportava o calor das chamas no seu corpo. António Albuquerque espiava a trágica cena através da janela, mas não se limitou apenas a observar. Saiu para o exterior, e ordenou ao seu neto que apanhasse todas as pedras que encontrasse. Seguidamente, aproximaram-se do poço, e começaram a atirá-las ao conde Darkmoon.
-Por favor! Não me matem! Deixem-me viver... – Grunhia ele com a voz empastada, ecoando na noite. Indiferentes aos gritos de suplicia do Conde, avô e neto, não pararam de lhe arremessar pedras, até que estas cobrirem a cabeça do Demoníaco assassino.
«O monstro estava morto. Tinha sido feita justiça.»
Este foi o sentimento que dominou a consciência de António Albuquerque, depois de olhar para o poço, que agora sepultava um assassino medonho e macabro.
Ali jazia um monstro. Ali tinha de permanecer. Seria como uma jaula, uma prisão sob pedras. Desmancharia o muro do poço e plantava-lhe uma árvore em cima. Ninguém havia de saber o que se tinha passado na noite de Natal de 1808.
VIII - O Retorno
- Que experiência estonteante, meu Deus! - Silvou Ricardo, esfregando a cara.
- Já percebi, porque nunca gostei do Natal!
- A resposta para essa e outras questões está aqui, meu amigo! – Exclamou o velho sábio, retirando um pequeno livro do interior do seu sobretudo.
- O Que é? - – O diário de Darkmoon! – Proferiu ele, exibindo o livro como se fosse um troféu.
- O Diário de Darkmoon? Como o obteve? – Questionou, Ricardo indignado.
- Através de um padre corrupto. Não me perguntes como foi parar às mãos dele, mas julgo esse padre eram um seguidor secreto do Conde Darkmoon. – Disse calmamente.
Ricardo recebeu o diário das mãos ásperas do velho marujo. Abriu uma página ao acaso e começou a ler em voz alta:
- «Domingo, 23 de Abril de 1808
Hoje, soube através do Doutor Gordon, que vou morrer dentro de três meses. Tenho uma doença incurável, que nem ele sabe o que é. Depois da morte de Gloria, minha esposa, só me resta a minha querida Cinthya. Sinto-me perdido e desesperado.»
Voltou a desfolhar o diário e abriu-o outra página mais à frente, e continuou:
«Quinta-feira, 4 de Junho de 1808
Hoje fui à caça. Apeteceu-me desfrutar dos prazeres da natureza e de me exercitar um pouco. Contudo, fui vítima de uma experiência agonizante. Fui atacado por uma cobra que saltou do cimo de uma árvore e se enrolou na minha perna. Fiquei petrificado de medo. Se não tivesse sido a bravura do soldado Boamorte, teria morrido de pavor. A pior morte que algum dia poderia ter, seria no meio de cobras....»
-Bem, pelo menos, já ficámos a saber, o que fragiliza o nosso inimigo. – Ripostou Ricardo, continuando a desfolhar o diário, até que parou numa página e recomeçou a ler:
«Terça-feira, 1 de Março de 1808
Hoje conheci um curandeiro indiano, Mohammed – Al-Saduk, de seu nome. Este disse-me que eu não tinha doença nenhuma. Estava sim, possuído pelo Demónio; e para exorcizar o Demónio, teria de desflorar 9 virgens.
Que Deus me perdoe, mas eu não quero morrer»
- Darkmoon não se limitou a violá-las. Ele matou-as, para que elas não pudessem acusá-lo mais tarde. Manuel seria a ultima criança que Darkmoon iria desflorar. – Completou Acácio. - Ou seja, o outro eu...
-Bom, meu amigo! – Bradou o velho – Não há tempo a perder. Vamo-nos concentrar no que temos de fazer.
Após aquela experiência ambos sabiam que estavam perante uma nova ameaça. Afinal, Darkmoon não morrera completamente. Algo o tinha feito regressar das trevas. Podiam ter sido vários rituais de alguns dos seu seguidores, podia se o alinhamento dos planetas, pois decorria o ano de 1999 e decorria o mês de Novembro. Segundo as previsões de Nostradamus, o mal iria renascer sob várias formas, e uma delas seria Darkmoon, concerteza.
De novo juntos naquela mesma casa onde tudo acontecera há 191 atrás, avô e neto teriam de voltar a unir forças; tinham de voltar a edificar um plano tão perfeito, como aquele que tinham realizado há quase dois séculos. Não podiam perder tempo, Darkmoon vinha a caminho e estava disposto a derramar-lhes o sangue.