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    Apenas um desenho...
    Até que ponto um simples desenho é inocente? Existem coisas macabras no mundo, e este vídeo certamente é uma dessas coisas. Confira! Leia Mais...

Infância Corrompida

Infância Corrompida - Parte 6


Anne, Ketlin e Damon estavam sentados na sala de estar, tomando café. Todos se viraram para a porta quando Emily e Leslie entraram.
Anne, embora fosse sua mãe, não era nada parecida com Emily. Ou Emily não era parecida com ela, enfim... Anne tinha olhos castanhos e sem graça, enquanto os de Emily eram verdes e grandes, como duas esmeraldas opacas. Os cabelos loiros escuros e lisos de Anne eram fracos e ralos, enquanto os fios grossos e negros de Emily eram abundantes e ondulados. O sorriso de Anne era grande e sincero, enquanto o de Emily era de lado e sem graça. Emily era a cara de seu pai.
Ketlin era pequena e delicada, assim como Leslie, embora seus olhos e cabelos fossem castanhos. Ketlin era tão gentil e simpática que fazia Emily perguntar-se o que estaria fazendo com Damon. Talvez estivesse sofrendo de Síndrome de Estocolmo por alguma coisa que ele fizera a ela. Emily era incapaz de imaginar alguém que pudesse amá-lo sem ser sua mãe e seu pai.
E Damon, com seus olhos frios e pretos, sem nenhuma emoção, apenas carregados de lembranças; Emily podia vê-las vagando por ali, por trás de suas pupilas, seu próprio rosto frágil e pequeno em agonia, tentando gritar, mas não podendo, enquanto mãos grandes e ágeis a prendiam na cama e tapavam sua boca.
Damon pôs o cabelo comprido, liso e loiro – igual ao de Anne – para trás da orelha e sorriu cinicamente, arqueando as sobrancelhas de um modo intimidador, que fez Leslie pensar em Hitler.
- Emily, estávamos agora mesmo falando sobre você e seu avô. Como ele está? Sente-se aí, eu vou fazer m café pra vocês. – disse Anne, levantando-se.
- Não, mãe, obrigada. Nós realmente temos de estudar, não é, Leslie? Depois eu converso com você sobre o vovô. – Emily lançou um olhar para Leslie que dizia: “ou concorda ou não te ajudo mais com trigonometria”.
- Sim, sim. Matéria nova hoje. Emily nunca foi muito boa em escolher dias para faltar à aula. – Leslie deu um sorrisinho não muito convincente, mas Anne não notou, como sempre.
- Tudo bem, mas se quiserem café é só gritar de lá de cima. Quero notícias de seu avô depois. – Anne disse, mas as duas já estavam quase nos últimos degraus.
- Por que você não ficou lá embaixo? Quer que eu copie para você conversar com a sua mãe? – perguntou Leslie, abrindo seu caderno na data de hoje e passando-o à Emily.
- Não, tudo bem, eu posso falar com ela depois. – Disse Emily enquanto abria seu caderno e começava a copiar.
Leslie ficou calada por alguns minutos. Não queria perguntar, mas a curiosidade era um de seus pontos fracos.
- Posso perguntar uma coisa? – ela disse, hesitante.
- Já perguntou. – Sorriu Emily. – Depende, acho que pode. – Emily não gostava quando lhe perguntavam isso. Deixava-a nervosa e ansiosa.
- Bom, eu já perguntei isso, mas... Você sempre foge do assunto. Por que você não gosta do seu irmão? – Emily apenas continuou escrevendo em seu caderno, sem responder. – Quero dizer, quando vocês se olham, é como se ele fosse Hitler e você fosse uma judia. Talvez seja apenas paranóia minha, mas... Não é o que parece dessa vez.
- Bem, minha mãe é judia, então... – Emily sorriu.
- Sério?
- Não. – Emily ficou séria novamente e voltou a escrever.
- Viu, você mudou de assunto de novo. O que me faz pensar que é alguma coisa a mais do que roubos. – Leslie a fitava com olhos sérios, tentando captar algum sinal de nervosismo, ansiedade ou mentira. Mas nunca fora boa nessas coisas de qualquer jeito.
Elas ficaram quietas por alguns segundos. Leslie esperava que Emily quebrasse o silêncio.
- Eu não quero falar sobre isso. – Emily finalmente disse.
Era tão estranho que, depois de tantos anos, quando Emily pensava que ninguém mais se importava com a briga deles e ela pensasse que ninguém iria perguntar, Leslie perguntava. Bom, Leslie nunca fora boa em interpretação.
Emily continuou a copiar em silêncio, enquanto Leslie revirava suas lembranças a procura de alguma coisa.

Quando as duas desceram, Ketlin e Damon não estavam mais ali. O que era bom.
- Ah, vocês estão aí! Eu chamei vocês para se despedirem, mas vocês não ouviram, então preferi deixá-las estudar. – Anne sorriu.
- Obrigada, mãe.
- Bom, eu já vou indo, Anne. Preciso estar em casa daqui a pouco. – Leslie disse despedindo-se de Anne com dois beijos. Ela acenou para Emily e disse: - Até amanhã. – enquanto saia pela porta.
- Então, como está seu avô? – Anne perguntou, encaminhando-se para a cozinha. - - Damon ficou preocupado quando contei sobre ele.
Emily bufou.
Anne só havia perguntado uma vez sobre a briga de Emily e Damon. Mas não perguntara mais depois de ouvir sobre roubos. Anne não era, digamos... desligada. Ela apenas queria que a filha fosse tão normal quanto um adolescente “normal” pode ser. Ela queria tanto que Emily fosse normal que se esquecia de cuidar da sua própria filha, aquela que não era a filha perfeita que Anne imaginara. Ela só queria que Emily fosse a festas e tivesse vários amigos e namorados. Ela queria que Emily fosse mais como Leslie. E Emily compreendia isso, embora não devesse.
- Bom, ele está bem. Quero dizer, tão bem quanto ele pode estar em uma situação dessas.
- Eu espero realmente que ele se recupere. Seu pai está arrasado, embora não demonstre. – Anne disse, tirando alguns ingredientes da geladeira para preparar o jantar.
- Claro, ele nunca demonstra nada. – murmurou Emily, sentando-se em um dos bancos da bancada estilo cozinha americana.
- Não seja tão dura com ele. Ele apenas esconde os sentimentos, assim como você. Você é muito mais parecida com ele do que pensa. – Anne cortava cebolas enquanto dizia isso, como se fosse rotina. Mas a verdade é que não era. Emily podia contar nos dedos de uma mão as conversas profundas – isso era o mais profundo que elas conseguiam chegar - que as duas tiveram. – Quero dizer, eu nem sei o que acontece em sua vida. Você já admitiu que gosta daquele rapaz – Chuck, não é? Porque você esconde seus sentimentos, assim como seu pai.
- Eu não gosto dele. – negou Emily. – Escuta, mãe, eu vou subir para terminar um trabalho, você pode me chamar quando a comida estiver pronta? – Ela fugiu da conversa, antes que ela tomasse níveis catastróficos.
- Está bem, mas achei que você e Leslie já haviam feito todos.
- Ahn... Leslie não está nesta aula comigo.
Quando subiu para o quarto, apenas leu um de seus livros preferidos, afinal, já havia feito todos os trabalhos pedidos.
O telefone tocou. Emily apenas tirou os olhos das linhas que começavam a embaralhar e olhou para o telefone preto a um canto de seu balcão. Enquanto ela pensava em quem podia ser e se valia a pena levantar-se, o toque parou.
Sua mãe havia atendido no andar de baixo.
Ela pensou em seu avô e decidiu que valia a pena. Ela levantou da cama e pegou o telefone com cuidado.
-... que aconteceu? – dizia Anne.
- Ele piorou. – disse sua avó e Emily se assustou ao ver que ela chorava.
- Calma. Apenas me diga o que houve. – Anne tentou acalmá-la, o que não deu certo, já que ela soluçou: - E-ele... Não consegue falar.
- Como assim? Ele ficou mudo? – Anne se assustou, o que não contribuiu muito para os soluços de Joanne.
- N-não e-ele...
-Calma, calma. – murmurou Anne, na voz mais calma que ela conseguiu.
- Os méd-dicos disseram que o cérebro dele e-está se deteriorando.
O queixo de Emily caiu. Ele parecia tão bem hoje a tarde, como poderia ter piorado de uma hora para a outra? Emily estava tão desesperada que acabou dizendo:
- Foram os remédios! – ela nem sabia de onde tinha tirado isso. Nem estava pensando nos remédios. Mas, em algum ponto de suas mente ele havia pensado nisso a tarde inteira.
- Emily? – Disseram as duas juntas. – O que você está fazendo? – perguntou Anne.
Emily a ignorou.