• Edward Modrake
    http://imgur.com/oR8qssi.jpg
    O Príncipe Duas Faces
    Edward Mordrake é um caso raro da medicina. Aristocrata do século XIX, nasceu com uma face atrás da cabeça. Dizia que ela lhe sussurrava coisas que só podiam vir do inferno... Leia Mais...
  • Pacto de Ódio
    http://2.bp.blogspot.com/-4a1dSTDd-iM/UWnA9-WDceI/AAAAAAAAAjg/S9UYj_XXQuA/s400/O+Anjo+Vampiro.jpg
    Anjos e Vampiros
    Anjos e vampiros não podem se amar. Mestiços não podem existir. Leia Mais...
  • Creepypasta
    http://1.bp.blogspot.com/-iLa9GOrmZxI/VJd0YgOy7yI/AAAAAAAAAwk/KdUCCB1VuO0/s1600/250.jpg
    Portal da Mente
    Um grupo de cientistas se reúne para fazer o inimaginável: estabelecer contato direto com Deus. Entretanto, de uma maneira pouco ortodoxa. Leia Mais...
  • O Sanatório
    http://imgur.com/gqR6BQZ.jpg
    O Sanatório de Waverly Hills
    Um grupo de estudantes de paranormalidade resolve explorar o sanatório mais assombrado do mundo. Você tem coragem para ver o que aconteceu a eles? Leia Mais...
  • Stop Motion
    http://imgur.com/SHmWPgz.jpg
    Apenas um desenho...
    Até que ponto um simples desenho é inocente? Existem coisas macabras no mundo, e este vídeo certamente é uma dessas coisas. Confira! Leia Mais...

A Ultima Casa da Rua

A Ultima Casa da Rua - Capítulo 1


30 de Outubro. Véspera de Halloween.

Aproximava-se o grande dia para Andersen, a noite de Halloween. Era uma das datas que ele mais gostava, sem dúvidas. Ele adorava sair com seus amigos fantasiados pelas ruas da pequena Still Ville, à caça dos doces. Aquele Halloween seria especial para ele, pois pela primeira vez sua mãe, Magg, deixara-o sair sozinho com seus amigos. Antes quem o acompanhava era seu irmão mais velho, John, que não era tão velho assim, pois só tinha quatro anos a mais que Andersen. Com doze anos de idade, já era tempo suficiente para Andersen começar a dar seus primeiros passos sozinho.


Magg já havia preparado a fantasia de Andersen e a deixou sobre a sua cama. Era uma fantasia do conde Drácula, belíssima por sinal, porém cara, até hoje seu pai reclamava do valor pago. O pai de Andersen, Mike, havia comprado a fantasia durante uma viagem de negócios. Ele é representante de vendas de um shake emagrecedor, sempre está percorrendo as estradas. Dorme mais em hotéis de beira de estrada do que em sua própria casa. Mas Magg nunca se queixava, sabia das dificuldades que eles passaram no passado, conseguir esse emprego foi uma vitória. Com o primeiro salário, Mike e Magg viajaram quilômetros até chegarem ao Grand Canyon, um sonho realizado de Magg.
Chegando em casa, John vai até a cozinha, pega uma maçã em cima da cesta de frutas sobre a mesa e chama sua mãe.
Mãããe! — Exclamou.
Estou aqui em cima, querido!
John subiu as escadas e foi até o quarto dos seus pais onde estava sua mãe. Magg estava dobrando as roupas e colocando-as sobre a cama.
O que foi, querido? — perguntou Magg.
Mãe, o Emett, a Josh e a Mary vão para a fazenda dos pais do Tommy, posso ir com eles? Só são dois dias, por favor, por favor, por favor... — pediu John.
Não sei, John. Peça ao seu pai, ok? Se ele permitir, pode ir. Mas me prometa que vai se comportar, está bem?
Claro que vou me comportar, mãe! Não sou mais nenhuma criança, não é?
Eu sei meu amor, mas você sabe, não gosto muito de algumas amizades suas...
Ah, você ainda está grilada com a Mary? — perguntou.
Querido, ela foi pega com drogas, acha que não são motivos? — questionou.
Ah... mas a droga não foi dela, mãe. Colocaram lá... — respondeu, tentando inocentar Mary.
Hum, ok. E eu sou a Madonna. — respondeu rindo.
Vai, mãe, por favor... — insistiu.
Já lhe falei, querido. Vá pedir ao seu pai.
Está bem. — respondeu e saiu.
Do lado de fora da casa, Mike arrumava as abóboras decoradas na entrada da casa. John sai e se aproxima do seu pai e, timidamente, fala-lhe:
Pai?
Oi, filho, quer vir me ajudar aqui?
Sim, claro! — respondeu.
Ah, pegue aquelas abóboras lá na garagem e traz aqui, tudo bem?
Ok.
John fez como seu pai pediu e trouxe as abóboras até o local em que ele estava.
Pai, queria te pedir uma coisa...
O que, John?
É que... ah... — gaguejava.
O que foi? É tão grave assim? — perguntou ironicamente.
Ah, pai, é que o Emett e o pessoal vão para a fazenda dos pais do Tommy e eu queria de ir com eles... — disse.
Quando vão?
Amanhã cedo. — respondeu.
Claro. Mas se comporte, ok?
Puxa, claro, pai! Obrigado, obrigado! — falou, contentíssimo.
John abraçou Mike e correu para dentro de casa. Foi para seu quarto arrumar a mochila para a viagem.
Andersen descia sozinho por rua próximo a de sua casa. Mais alguns metros e já estaria vendo a chaminé branca de sua casa. O sorriso em seu rosto era visível e chegava a dar inveja ao ganhador da loteria. A sensação de liberdade, por motivo tão banal, era enorme. Andersen se sentia um homem, aliás, um rapaz.
Still Ville, por ser uma pequena cidade de interior, era fácil conhecer suas histórias e lendas. Afinal, toda cidade, não importa a sua dimensão, possui uma lenda, seja ela grande ou pequena. Por não fugir a regra, Still Ville era cercada por lendas. Havia aqueles que acreditavam e outros que acreditam que não passa de pura ficção. Andersen era daqueles garotos que gostava de histórias aterrorizantes, porém nunca viu ou presenciou nenhuma história. Por coincidência ou não, próximo de sua casa, precisamente na mesma rua em que ele se encontrava, havia uma velha casa. Ela não existia andares, era bem simples. Ao seu redor não havia outras casas, a velha casa era isolada no final da rua. A cerca envolta dela era alta e coberta por trepadeiras.
Os últimos moradores que residiram na velha casa foram à família Thompson, todos mortos no Halloween de 1981, o pai, a mãe e os dois filhos. Uma história bárbara que chocou toda a pequena Still Ville. Até hoje as causas da morte dos Thompson é cercada por mistérios, tornando-se assim, mais uma lenda da cidade. Os corretores nunca conseguiram vender a casa, mesmo depois de uma boa reforma e diminuição do seu valor.
Andersen olhou para trás e percebeu que a rua estava deserta. As pessoas já deveriam preparando o jantar, pois já passavam das seis da noite. Antes da encruzilhada da rua que estava até a rua que leva a sua casa, Andersen observou a velha casa. Como seria lá dentro? pensou. Ele parou em frente ao grande portão que separava a casa da rua e olhou por uma pequena brecha para dentro. Nada aconteceu. Afastou-se do portão e pelo pequeno espaço de visão, percebeu que algo passara na frente da brecha.
Andersen sentiu seu coração disparar. Aproximou-se novamente seu olho na pequena brecha e, novamente, viu algo passar muito rápido, mas era o bastante para fazê-lo tremer. Desta vez, afastou-se o máximo que pode do velho portão. Ele sentia suas pernas balançar. Distante do portão observou assustado a enferrujada fechadura. Por um instante, Andersen pode jurar que a viu se mover, mesmo que discretamente. Apertou os olhos na tentativa de pensar que era apenas sua imaginação lhe pregando uma peça. Mas para sua surpresa, era real, muito real. A fechadura se moveu novamente. Desta vez, o portão foi aberto.
Ao ver que alguém ou algo abriu o portão, Andersen não esperou para ver o que sairia dali. Correu desesperadamente em direção à sua casa. Não olhou para trás, lembrou-se da história bíblica de Ló, a estátua de sal. Mas o medo de Andersen não era virar uma estátua de sal ou outra coisa qualquer, mas sim o que ele poderia ver por lá, afinal, as lendas existiam e a partir daquele dia, ele tinha certeza que elas realmente eram reais.
* * *

— Poxa, to te falando, meus pais deixaram, cara! — dizia John à Emett pelo celular.
Silêncio.
— Isso, avise ao pessoal que nós vamos amanhã. — disse John.
Emett respondia a John.
Exato. Mas então, eu falei que vamos para a fazenda dos pais do Tommy, como combinamos... — falava John com a voz bem baixa para que seus pais não ouvissem a conversa. — Está bem, depois te ligo. Tchau. — desligou o celular, se deitou na cama e fechou os olhos.
Na cozinha, Magg terminava de preparar o jantar. Enquanto a comida esquentava no fogão, ela colocava os pratos sobre a mesa.
Deitando no sofá, Mike estava na sala assistindo ao jogo de futebol na TV. Ele se orgulhava aquela TV, era o seu sonho comprá-la. Depois de Magg e do carro, aquela TV era a paixão de Mike, tinha muitos ciúmes dela. Um dos problemas – ou não – de Mike era o apego muito fácil pelas coisas materiais.
Querido! Venha, o jantar está servido! — gritava da cozinha Magg.
Ok, só mais um lance e já vou. — respondeu Mike.
Magg saiu da cozinha, aproximou-se da escada e gritou pra John:
John, venha comer, o jantar está servido! Aproveite e chame o Andersen.
Magg volta para a cozinha e se senta à mesa, e espera a chegada de todos.
O Andersen não está no quarto dele. — dizia John, enquanto ia em direção a pia da cozinha lavar suas mãos.
Ué, não o vi sair. Onde será que ele foi?
Não sei, mãe. Pergunte ao papai, talvez ele saiba.
Eu saiba de que? — perguntou Mike ao entrar na cozinha.
Onde está o Andersen. — respondeu John.
O vi saindo mais cedo, pensei que já tinha chegado...
Liga para o celular dele, mãe. — disse John.
É, vou ligar mesmo. — respondeu Magg.
Ao se levantar para pegar o telefone, Andersen entra correndo dentro de casa. Faltava-lhe fôlego.
Querido, o que aconteceu? — perguntou Magg, assustada.
Nada, mamãe. — respondeu Andersen, tentando manter a calma.
Voce parece que viu um fantasma, está pálido, querido...
Não foi nada, mamãe. Só queria chegar cedo para o jantar, aliás, estou faminto...
Tudo bem, vamos para a cozinha. E lave as mãos antes.
Após o jantar, Mike e Magg foram assistir TV na sala. John foi para seu quarto arrumar suas roupas para a viagem do dia seguinte. Andersen estava no seu quarto usando o computador. Pelo menos ele tinha essa sorte de ter um computador só para ele. Seu pai o quis assim. Queria que cada filho tivesse sua privacidade preservada. John e Andersen não discordaram, é claro.
Andersen jogava um game de corrida. Após alguns minutos, cansou de perder. Ele não era muito bom na direção dos carros virtuais. Fechou o jogo e abriu a página de um navegador de internet. De início iria acessar a sua conta numa rede social. Foi quando teve a ideia e abrir um site buscador e digitou: LENDAS – STILL VILLE.
Não foi encontrado nada do que ele procurava. As notícias eram vagas. Andersen mudou a frase de procura. Colocou: MORTES EM STILL VILLE. Desta vez os resultados da busca foram mais animadores.
Andersen começou a abrir os sites. Havia notícias fúnebres de várias datas e formas. Morte por afogamento no Lago Ville, 1967; Suicídio de uma moradora da Praça Central, 1972; Acidente de carro na Rodovia 47, 1979. Até que um, em especial, chamou-lhe a atenção, afinal ele já conhecia a história. Datava de 1981. Havia lugares na reportagem que não conseguia ler facilmente, mas os títulos eram bem legíveis. O arquivo era digitalizado e postado do site.

FAMÍLIA THOMPSON ENCONTRADA MORTA!
MISTÉRIO AINDA CONTINUA NO CASO THOMPSON
APÓS INVESTIGAÇÕES, POLÍCIA ACREDITA QUE PAI MATOU A FAMÍLIA E DEPOIS SE SUICIDOU.

Os títulos das reportagens chamaram muito a atenção de Andersen. Afinal, ele passara em frente a casa mais cedo e algo estranho havia acontecido lá. A curiosidade e o medo se misturavam e instigava Andersen a procurar mais informações sobre o mistério dos Thompson. Não era saber da verdadeira história que aguçava a curiosidade de Andersen, mas sim o que há naquela casa de tão misterioso. Ele fechou os sites e desligou o computador. Levantou-se e deitou na cama.
Hum, amanhã termino de descobrir isso...
Fechou os olhos e adormeceu.
Andersen acordou bem cedo, uma exceção nos dias normais. Estava muito ansioso por aquele dia. Além de sair com seus amigos para pedir os tradicionais doces do Halloween, Andersen iria fazer uma proposta a July, Michele e Adam, seus “velhos” amigos. Velhos, é claro, porque se conheciam há anos. July tinha onze anos; Michele, nove anos; e Adam, onze anos. Por um ano, Andersen era o mais velho e, considerado assim, o responsável por eles. Não que ele tenha se auto-intitulado assim, fora a mãe de Adam, Carmen Loyola.
Depois de escovar os dentes e fazer sua higiene pessoal, Andersen desce as escadas e vai até a cozinha tomar seu café da manhã. Mike já estava sentado na cabeceira da mesa lendo o jornal. Magg terminava de fritar os ovos. John já havia saído. Fora para casa de Emett antes que todos acordassem. Deixou um aviso grudado na geladeira antes, avisando da partida. Era desnecessário, pois seus pais já sabiam, porém, o velho costume de sempre pregar os avisos na geladeira era algo corriqueiro naquela família, assim ninguém ficava se preocupando desnecessariamente. Não que tudo que era escrito ali fosse verdade, mas sempre havia algum recadinho.
Pai, o que o senhor sabe sobre a família Thompson? — perguntou Andersen.
Os Thompson da casa na rua ao lado?
Sim, eles mesmos.
Bem, Andersen... Quando chegamos aqui em Still Ville, eles já haviam morrido. — respondeu Mike. — Mas porque essa pergunta agora? — indagou.
Ah, nada. Só curiosidade mesmo. — respondeu, tentando manter o desinteresse na história.
Magg serviu o café da manhã e todos comeram em silêncio.

* * *

Sentado sobre a cama de Emett, John olhava algumas mensagens em seu celular, enquanto esperava seu amigo sair do banho. John havia chegado cedo, teve que acordar Emett. Eles ainda iriam passar na casa da Mary e Josh. O destino deles era algo ainda incerto. Seus amigos o fez mentir para seus pais, dizendo que iriam para a fazenda da família do Tommy.
Emett aparece só com uma toalha enrolada na cintura. Pega a roupa que estava sobre a cama e se veste.
Aonde vamos, Emett? — perguntou John.
Não sei ao certo, cara. A Mary que sabe o lugar exato.
Hum, não sei não. Vai que meus pais liguem para os pais do Tommy e descubram que eu menti?
Cara, relaxa. Eles também estão achando que vamos para lá.
Como assim?
O Tommy falou com eles que iríamos para lá.
Hum, entendi. — respondeu.
Então o Tommy vai com a gente, não é?
Sim. Ele faz parte do plano.
Plano? Como assim?
Ah... o plano de ir para lá... para a fazenda, cara. — respondeu, tentando desconversar.
John não acreditou muito no que Emett disse. Ele começava a suspeitar que algo pudesse dar errado ou que, eles mesmos, fossem fazer algo errado.
Entendeu? — perguntou Emett.
Sim, entendi.
Vamos. Já estamos atrasados. — falou, puxando John pelo braço.
Os dois saíram do quarto e desceram as escadas. Os dois dirigiram-se até a garagem, Emett pegou o carro e foram ao encontro do restante do grupo.

* * *

Boa parte do dia já havia passado. O sol começava a se pôr. Andersen já estava praticamente fantasiado. O rosto estava com uma pesada maquiagem branca, deixando-o mais branco do que já era. Nos olhos, a lente de contato de cor branca, dava o tom assustador à personagem. Na boca, uma prótese canina, assegurava a perfeição dos detalhes da fantasia. Andersen estava quase um vampiro. A única diferença era que ele podia andar sobre a luz do sol e envelhecia. Segundo as lendas, vampiros são amaldiçoados e só podem andar pela noite, nas trevas.
Andersen, querido! — gritou Magg.
Já estou descendo, mãe!
O Adam, a Michele e a July, já estão aqui te esperando!
O.k. — respondeu.
Andersen deu uma última olhada no espelho, consertou o penteado, pegou uma sacola que estava sobre sua cama e desceu até a sala.
Ao despontar na escada, todos olhavam para Andersen. A fantasia estava perfeita. Quem não o conhecesse, imaginaria que fosse um vampiro realmente. Parecia que ele havia saído das estórias vampirescas e estava ali, na pequena Still Ville, pronto para atacar qualquer pescoço que passasse por ele.
Querido, voce está lindo! — falou Magg.
Obrigado, mãe. — respondeu. Andersen sentiu seu rosto corar.
Cara, sua fantasia está demais! — disse Adam!
A sua também está, Adam. — falou Andersen.
Obrigado, cara.
Adam usava uma fantasia de pirata. Chapéu, tampão no olho e até um falso papagaio no ombro. Michele estava com uma linda fantasia de bailarina. Cabelos presos, vestido rosa e sapatilhas da mesma cor. July se fantasiou de bruxa. Chapéu grande e pontudo, peruca e roupas pretas.
Vamos, Andersen. Não podemos sair tarde, assim todos os doces vão acabar. — falou Michele.
Claro, vamos sim.
Andersen deu um beijo na sua mãe e saiu com seus amigos.
Por onde vamos começar? — perguntou Adam.
Acho que deveríamos começar pela casa do Sr. e Sra. Wilson. Eles sempre têm os melhores doces. — respondeu Michele.
É, pode ser. — disse July.
Tudo bem para você, Andersen? — perguntou Adam.
O que vocês decidirem está bom.
Ótimo. Começaremos por lá então. — disse Michele.
Todos foram caminhando até a rua onde estava à casa dos Wilson. Um simpático casal, possivelmente, um dos casais mais velhos de Still Ville. Os dois moravam sozinhos. E no Halloween, Marianne Wilson, sempre preparava deliciosos doces caseiros. Um melhor que o outro. Era uma das casas mais disputadas pelas crianças (e por alguns adultos também).

* * *

Dentro do carro de seu carro, Emett, bebia cerveja. O carro estava parado próximo a Rodovia 47, um dos principais meios de chegada e saída de Still Ville. O volume do som estava na altura máxima. No banco de trás estavam Tommy e Josh se beijando. Os dois tinham uma relação, um tanto, conturbada. Josh era muito ciumenta, coisa que Tommy detestava nela. As mãos de Tommy percorriam o corpo de Josh em um modo frenético. Apertando-lhe toda.
Olhando pelo espelho retrovisor, Emett, analisava cada carícia trocada entre Josh e Tommy. Era como se gostasse do que via. Seu olhar era penetrante, quase hipnotizador. John e Mary estavam fora do carro. Haviam saído para comprar mais bebidas e cigarros. Emett ainda continuava olhando para os dois namorados. Josh e Tommy pareciam não se importar com a presença dele ali.
Ainda olhando pelo espelho retrovisor, Emett, apertava os lábios inferiores com os dentes. Ele sentia prazer em ver aquela cena. Disfarçadamente, enfiou a mão esquerda dentro da calça. Queria extravasar o prazer que sentia. Até que num momento de reflexo, Josh olha para o retrovisor e o seu olhar se encontra com o olhar pervertido de Emett. Ela continua com os beijos quentes em Tommy. Até que ela para e olha diretamente para Emett e pergunta:
O que foi, Emett? Está gostando? Quer vir aqui brincar um pouco com a gente?
Por um momento Emett não soube o que dizer. Alguns segundos se passaram até que seu cérebro conseguisse captar direito a proposta. Depois fez que sim com a cabeça.
Vem logo, cara! — chamou Tommy.
Emett fechou todos os vidros do carro e passou para o banco de trás.

* * *

Eu não acredito que sua mãe ainda acha isso de mim. — falava Mary para John.
Sério. Percebi que ela não queria que eu viesse.
Poxa, ela deve me odiar, não é?
Não é ódio, Mary. Acredito que ela acha que voce não transmite confiança. — falou John, tentando acalmar a situação.
Mary baixou a cabeça, como se estivesse triste que esta situação.
Não fique assim, minha princesa. — dizia John, pegando no queixo de Mary. — Nada do que ela disser vai mudar alguma coisa entre nós dois.
Os dois se aproximaram e se beijaram.
De mãos dadas, John e Mary carregavam sacolas recheadas com cervejas e cigarros. Tudo fora comprado com uma identidade falsa que John carregava sempre que saia com seus amigos. Ele só tinha 16 anos, porém aparentava ser mais velho, cerca de 18 ou 19 anos. Aliás, todos os outros não passavam de 17 anos, mas aparentavam ter mais idade. A loja de conveniência ficava às margens da Rodovia 47. Os funcionários de lá não conheciam muito bem os moradores da pequena, Still Ville. Por isso, sempre que precisavam se embriagar ou encher seus pulmões de nicotina, procuravam sempre aquela loja de conveniência.
Não sei por que parar o carro tão longe. — resmungava Mary.
Se alguém ver um carro cheio de “pirralhos”, vai logo imaginar alguma coisa. — respondeu John. — É mais fácil e mais conveniente duas pessoas ou três, no máximo, vir comprar.
E por que tinha que ser logo nós dois?
Mary, pare de resmungar, parece uma velha. — disse aos risos.
Velha não! Pare de rir, seu safado. — falava e dava leves tapas nas costas de John.
John largou as sacolas, agarrou os braços de Mary, dominou-a e tascou um beijo na boca dela. Ela fingia tentar resistir, mas retribuía.
Até parece que você não queria ficar sozinha comigo, não é? — perguntou John, baixinho ao seu ouvido.
O que você acha? — respondeu Mary.
Que é isso que você quer. Venha cá. — disse, puxando-a.
John a agarrou pelos braços e a levou para dentro da mata fechada.