• Edward Modrake
    http://imgur.com/oR8qssi.jpg
    O Príncipe Duas Faces
    Edward Mordrake é um caso raro da medicina. Aristocrata do século XIX, nasceu com uma face atrás da cabeça. Dizia que ela lhe sussurrava coisas que só podiam vir do inferno... Leia Mais...
  • Pacto de Ódio
    http://2.bp.blogspot.com/-4a1dSTDd-iM/UWnA9-WDceI/AAAAAAAAAjg/S9UYj_XXQuA/s400/O+Anjo+Vampiro.jpg
    Anjos e Vampiros
    Anjos e vampiros não podem se amar. Mestiços não podem existir. Leia Mais...
  • Creepypasta
    http://1.bp.blogspot.com/-iLa9GOrmZxI/VJd0YgOy7yI/AAAAAAAAAwk/KdUCCB1VuO0/s1600/250.jpg
    Portal da Mente
    Um grupo de cientistas se reúne para fazer o inimaginável: estabelecer contato direto com Deus. Entretanto, de uma maneira pouco ortodoxa. Leia Mais...
  • O Sanatório
    http://imgur.com/gqR6BQZ.jpg
    O Sanatório de Waverly Hills
    Um grupo de estudantes de paranormalidade resolve explorar o sanatório mais assombrado do mundo. Você tem coragem para ver o que aconteceu a eles? Leia Mais...
  • Stop Motion
    http://imgur.com/SHmWPgz.jpg
    Apenas um desenho...
    Até que ponto um simples desenho é inocente? Existem coisas macabras no mundo, e este vídeo certamente é uma dessas coisas. Confira! Leia Mais...

Infância Corrompida

Infância Corrompida - Parte 2



Espera, correndo?!, gritou uma voz na cabeça de Emily. Correndo de verdade.
Emily olhou para Chuck, que desviou o olhar – que agora estava mais abaixo de seu rosto, no decote em V de sua blusa – rapidamente.
Emily correu o olhar para o velocímetro.
- Não pode andar a 120 km/h na cidade!
- Eu... estava distraído.
- Sim, eu percebi. – disse Emily, fechando a jaqueta e puxando o zíper até o pescoço.
Desta vez, foi a vez de Chuck ficar vermelho.
- Mas foi sobre isso que eu falei. – disse Chuck, recuperando-se.
- Achei que fosse só para me irritar.
- Era. Mas também era verdade.
- Você é o nerd mais estranho que eu já conheci. Você não devia ser como... Sheldon Cooper?
- Ahn... Não. E eu não sou nerd. Não sou nenhum gênio. Continuo na faculdade – ele respondeu, parando o carro na frente da casa dela. - Está tudo bem, então? Não ficou brava?
Ela sorriu, ignorando-o.
- Até amanhã.
Emily saiu do carro caminhando rapidamente para a porta de casa, protegendo o rosto com os braços, por causa da fina garoa. Lançou um olhar raivoso para a vizinha fofoqueira que observava todos os seus passos e entrou em casa escorando o corpo contra a porta e olhando pelo olho-mágico. O carro dava a partida.
Ela virou-se e gritou, quase pulando quando o viu ali.
Porque ali, sentado à mesa da cozinha em posição relaxada, estava o pior de todos os seus pesadelos. O homem que a havia matado; matado e arrancado tudo o que ela tinha de mais precioso: a sua inocência. O homem que era a causa de seus problemas e o motivo dos choros e soluços incontroláveis à noite. O homem que a havia violentado e arrancado, da pior maneira, sua infância e inocência.
- Como foi o encontro, maninha? – ele perguntou cinicamente, mexendo o copo de água que estava em sua mão de um lado para o outro.
- Vá se foder. – ela disse, agarrando a bolsa e encaminhando-se para a escada.
- Eu não preciso. Não fico sozinho. – ele piscou. – Mas, espere, você falou um palavrão?!
Emily ignorou a pergunta. Suas mãos tremiam, mas ela lutou contra o bolo que se formava em sua garganta e disse:
- É, esqueci, você arranja crianças para isso.
Emily não esperou para ouvir sua resposta. Subiu as escadas correndo e entrou em seu quarto.
A porta do quarto de sua mãe estava fechada. Eram 3 horas da madrugada.
Suas mãos continuavam tremendo e seu coração estava acelerado.
Ela trancou a porta, como sempre fazia quando ele estava em casa e tirou o jeans, jogando-se na cama.
Ela gritou contra o travesseiro, chorando. Chorando de raiva, por não conseguir dizer tudo o que pretendia. Por não conseguir contar nada a ninguém. Por deixá-lo impune.
Ela virou-se e olhou para o teto. Estrelas e planetas de plástico brilhavam nele. Elas estavam ali desde antes de tal episódio. Talvez desde que nascera, mas ela não poderia dizer isso com precisão. A memória mais antiga que ela tinha sobre tais estrelas não era muito agradável.  Ela lembrava-se de estar sendo jogada em cima de sua cama e ser obrigada a tirar a roupa.
Ela desceu da cama e subiu em cima da cadeira da escrivaninha, arrancando-as do teto. Ela quebrou-as em pedaços e as jogou no lixo.
Quando se deitou novamente e fechou os olhos, ela ainda podia vê-las brilhando fantasmagoricamente por trás de suas pálpebras.
Chuck a observou correr até a porta. Seus cabelos negros balançavam com o vento, um pouco úmidos pela chuva.
Ele deu a partida com o carro. A chuva, que aos poucos se transformava em tempestade, batia com força nos vidros do carro. O ponteiro do velocímetro estava em 120 km/h, enquanto Chuck observava, em sua mente, as bochechas Emily corarem, enquanto ela puxava o zíper do casaco. O rosa de suas bochechas, o preto de seus cabelos, o verde de seus olhos e o branco de sua pele. As cores preferidas de Chuck. Ele conseguia recordar-se de cada momento. Cada momento com ela, por mais simples que fosse, ficava em sua mente. As cores, os olhares, as expressões.
Estar apaixonado não era uma coisa que Chuck imaginara pra ele. Nem era uma coisa na qual ele acreditava meses atrás. Quatro meses, para ser preciso. Antes ele apenas procurava estudar. Mas há quatro meses isso havia mudado. Não que ele não se concentrasse nos estudos agora, mas estava ficando cada vez mais difícil tirá-la de sua cabeça. E isso não era uma coisa que ele apreciava.
Sabia que Emily era difícil, afinal ela era sua melhor amiga. E se isso não acabasse bem? Ele não poderia arriscar perder sua amizade. Mas era difícil não imaginá-la de um jeito que... Se ela soubesse, digamos apenas que não gostaria muito.
E Emily, como o seu antigo eu, não acreditava no amor.
Chuck não sabia como lidar com esses sentimentos. Eram desconhecidos e fortes demais para ele. Era tudo tão novo e repentino que o deixava confuso. Quando seu coração batia mais forte ao vê-la ou quando ela o rejeitava – mesmo que de modo indireto – e seu peito afundava. Tudo isso era confuso.