• Edward Modrake
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    O Príncipe Duas Faces
    Edward Mordrake é um caso raro da medicina. Aristocrata do século XIX, nasceu com uma face atrás da cabeça. Dizia que ela lhe sussurrava coisas que só podiam vir do inferno... Leia Mais...
  • Pacto de Ódio
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    Anjos e Vampiros
    Anjos e vampiros não podem se amar. Mestiços não podem existir. Leia Mais...
  • Creepypasta
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  • O Sanatório
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    O Sanatório de Waverly Hills
    Um grupo de estudantes de paranormalidade resolve explorar o sanatório mais assombrado do mundo. Você tem coragem para ver o que aconteceu a eles? Leia Mais...
  • Stop Motion
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    Apenas um desenho...
    Até que ponto um simples desenho é inocente? Existem coisas macabras no mundo, e este vídeo certamente é uma dessas coisas. Confira! Leia Mais...

Minha vida em negro - Parte 3

 Em instantes meu "melhor amigo", aparecera para tirar-me de meus devaneios com a garota de cabelos negros que acabei de conhecer. Pulou em meu ombro gritando um estridente "E ae cara?" que fez com que eu risse. Aquele loiro desgraçado do Jackson até que era bem legal e eu me divertia bastante com ele. Fomos conversando nossas idiotices masculinas até a sala e logo que fomos em direção a nossos costumeiros lugares na parte mais bagunçeira do fundão da sala, ali estava ela. Sorrindo vitoriosamente com o sorriso mais lindo que já vi em toda minha vida contornado por lábios carnudos de tom levemente avermelhado e logo tirou a franja longa dos olhos, revelando novamente aquele olhar contente que parecia estar sempre em seu rosto.
 -- Vamos lá cara, não vale a pena ficar ai babando, senão vamos ter que ficar lá na frente. -- Jack me cutucou com o cotovelo, me trazendo de volta ao planeta Terra.
              Apenas acenei com a cabeça para Audrey, que lançou-me um sorrisinho simpático e fui para o outro canto da sala. Uma carteira lá pelo meio da fileira do canto, dando-me liberdade total para ficar ou dormindo ou sentado de lado vendo o que a garota dos meus sonhos estava fazendo. Ao longo das aulas eu ia notando que não era apenas eu que "cuidava" dela com os olhos. Ela me retribuia os olhares e os sustentava, me deixando sem saber se ela queria ou não me dar esperanças. Eu encarava meu gesso e mesmo que eu soubesse perfeitamente que esse gesso demoraria mais dois meses a sair do meu pé eu sentia como se ele já estivesse ali há muito tempo. Talvez porque meu pé passe mais tempo em uma tala de gesso do que em um sapato. Respirei fundo e logo estava do lado fora da sala, encarando aquele pátio gramado tão cheio, mas ao mesmo tempo tão vazio...
Havia um cheiro muito bom de terra molhada enquanto pessoas corriam de um lado para o outro freneticamente enquanto eu apenas os observava da escadaria. Todos parecendo formigas atarantadas e enquanto eu observava a todos uma garota apenas chegou ao meu lado, Audrey.  Ofereceu-me um gole de seu refrigerante, que rejeitei por educação, e por talvez atrevimento ou ousadia decidi descansar minha cabeça em seu ombro, sendo que ela apenas me lançou um olhar suspreso e nada disse, apenas passou o braço por minhas costas e me fez um doce carinho ali...
 -- Sei o que aconteceu com você Olivier. Sei porque está com esse gesso e tudo mais. Fiquei sabendo da sua tentativa de suicidio
 -- Quem te contou? -- perguntei encarando o chão, com uma expressão infeliz
 -- Sommer, a sua mãe contou pra dela. Caso você não tenha notado elas são melhores amigas há anos...
 -- Não, nunca notei -- muito legal mamãe, você e sua boca grande tem que sair falando para suas amiguinhas que eu tentei me matar e acabei deslocando o tornozelo? -- Mas você não acha que eu sou... -- qual é a maldita palavra que agora não sai da minha garganta e me fez ficar fazendo gestos estranhos com a mão
 -- Doido, problemático, estranho, doente ou qualquer coisa assim? Não, apenas problemático, mas estou acostumada a lidar com pessoas assim. -- ela sorriu e colocou os lábios no alto da minha cabeça e beijou inocentemente o local, fazendo-me corar -- Minha mãe é psicóloga, ela trabalha com pessoas assim e muitas vezes gosto de ir para o trabalho dela e a ver trabalhar. Uma vez, quando eu era pequena, ela me pediu para ajudá-la com uma mulher que tinha perdido a guarda da filha porque não tolerava crianças e vivia batendo na filha pequena que minha mãe dizia que era parecida comigo...
 -- E deu certo?
 -- Sim, a mulher recuperou a guarda da filha dela depois de um tempo.
 -- E a garota aceitou voltar para a mãe que vivia batndo nela?
 -- Sim. Se surpreenderia com o apego que seres humanos tem com suas mães...
 -- Eu não -- a cortei antes que ela realmente começasse a se aprofundar no assunto -- Meus pais são as duas pessoas de quem mais sinto nojo nesse mundo
 -- Mas há alguém você é extremamente apegado. Sempre existe pelo menos um alguém no mundo que tem nosso apego...
 -- Meus avós, me criaram até os dez anos e meu irmão mora com eles...
 -- Você tem um irmão?
 -- Tenho, Tyler é o nome dele. Tem doze anos e é muito mais sortudo que eu... -- Audrey não disse nada, apenas me olhou, pedindo para que eu continuasse -- Meu irmão mora com meus avós em Luxemburgo e eu moro com meus pais aqui. Meus pais não tinham condições de educar uma criança, não se importam com os filhos e só tem um casamento de fachada. Meus pais tem outros casos fora do casamento e não tem tempo para terem filhos. Como sempre fui mais independente que Tyler eles não viram problema em que eu voltasse a morar com eles aqui nos EUA. Meu irmão é uma criança um pouco carente de atenção, um tanto pentelho por isso. Mas ainda sim o adoro, quer dizer, ele sempre foi mais carente que eu, mas sempre foi meu irmão caçula sabe?
 -- Como eu disse, sempre existe pelo menos um alguém que somos apegados. Você só se apega menos, mas ainda sim se apega as pessoas.
              Esboçei um sorriso e passei meus braços por sua cintura e a abracei, sentindo-me um pouco confortável com a proximidade que estava dela. Audrey notavelmente corou e deu um risinho nervoso que notei que era pela proximidade de nós dois. Mal nos conheciamos e já estávamos com toda aquela intimidade e eu sabia que eu não queria que ela fosse mais uma, queria de modo convictamente cego que fosse ela...
  -- Então, está tudo pronto para o jantar de hoje? -- perguntava meu pai à Maria, John e Brígida no exato instante em que abri a porta principal quando cheguei -- Ah Jake! Que bom que você chegou! Os Glaustburry virão hoje a noite para um jantar. Estava instruindo Maria, John e Brígida sobre os preparativos do jantar. E sua mãe provavelmente já escolheu algo para você vestir hoje a noite. E ela está lá no seu quarto...  -- claro que está querido papai.
 -- Tudo bem. Oi gente -- cumprimentei educadamente os três empregados que moravam conosco e nem ao menos olhei para meu pai ao falar com ele -- Já estou indo pra cima. Ah e Maria, pode fazer panquecas pra mim hoje, por favor?
 -- Posso sim senhor.
              Murmurei um obrigado e logo estava na porta do meu quarto. Minha puta de mãe estava no meu quarto , de frente para o meu armário de camisas, encarando-as, provavelmente na esperança de encontrar alguma camisa suficientemente sofisticada para que eu usasse no jantar com os maiores sócios dos meus pais. Os Glaustburrys eram os maiores sócios dos meus pais e tinham três filhas, uma estava cursando advocacia e queria ser juiza, uma tinha a minha idade e eu só a vi uma vez na minha vida e com ela com certeza me odeia a a terceira filha é uma garotinha adorável de 12 anos de idade que está sempre de maria chiquinha e carrega um urso caramelo de um lado para o outro no braço. A do meio, caso se perguntem, me odeia porque quando éramos pequenos, em uma festa que nossos pais deram, mamãe me disse para ser cavalheiro e dar à ela uma flor, mas por diversão coloquei uma lagartixa morta no meio da flor. Quando a menina viu olhou a flor com a cara mais assustada do mundo e saiu correndo e gritando para de trás da saia da mãe dela. Claro que descobriram que era eu e acabei ficando um mês sem doces, mas nunca me arrependi de um dia ter feito isso, como boa criança travessa que sempre fui.
              Depois disso minha mãe nunca mais me largou o braço em outro jantar. Isso até os meus 13 anos, quando nas noites de jantares eu saia escondido e ia beber e fumar até altas horas da noite e é claro que eles nunca descobriram até hoje. Mas como estou impossibilitado de correr janela à fora, então irei curtir um pouco o meu querido jantar e ver como a garota está. Têm alguns anos que não a vejo, mas ela era muito bonitinha quando a vi pela ultima vez aos 12 anos e 10 meses de idade em um jantar onde todos os sócios mais importantes do meu pai estariam.
 -- Que bom que você está aqui Jake! -- minha mãe exclamou ao me ver entrando com minha cara desanimadora -- Venha! Estava escolhendo uma roupa para você usar hoje a noite. -- ela tinha em mãos uma camisa verde que eu juro que não me lembrava de ter e uma das minhas incontáveis black jeans -- Que tal essa aqui?
 -- Mãe, não precisa de tudo isso -- rebati tirando a camisa de suas mãos e pegando uma preta no cabide ao lado -- Pronto, vou com essa.
 -- Preta? -- ela ergueu a sobrancelha estupidamente fina, que eu me perguntava como um ser humano conseguia ter sobrancelhas tão finas, e finalmente soltou -- Não acredito que você puxou essa bendita mania do seu pai de adorar camisas pretas! Vocês vivem brigando mas no fundo no fundo vocês são iguais! OMFG!
 -- Tudo bem, tudo bem mãe. -- fui empurrando-a para fora pelas costas enquanto ela resmungava, tentando se virar -- Obrigado por ajudar na escolha mas agora eu tenho que me arrumar. -- finalmente a coloquei fora e por fim murmurei -- Obrigado por nada sua vaca...
              Joguei-me na minha cama e logo começei a imaginar como estariam as três irmãs. A mais velha eu me lembro que quando eu era mais novo eu morria de ciumes do namorado dela, afinal, meu sonho era casar com ela, mas eu tinha 6 anos e ela treze, nunca daria certo. A mais nova eu sempre adorei, sempre brinquei com ela, ela era tipo uma irmãzinha mais nova pra mim. E por fim estava a do meio que das garotinhas da minha idade, ela era a mais bonita, apesar de ser muito certinha...