• Edward Modrake
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    O Príncipe Duas Faces
    Edward Mordrake é um caso raro da medicina. Aristocrata do século XIX, nasceu com uma face atrás da cabeça. Dizia que ela lhe sussurrava coisas que só podiam vir do inferno... Leia Mais...
  • Pacto de Ódio
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    Anjos e Vampiros
    Anjos e vampiros não podem se amar. Mestiços não podem existir. Leia Mais...
  • Creepypasta
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    Portal da Mente
    Um grupo de cientistas se reúne para fazer o inimaginável: estabelecer contato direto com Deus. Entretanto, de uma maneira pouco ortodoxa. Leia Mais...
  • O Sanatório
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    O Sanatório de Waverly Hills
    Um grupo de estudantes de paranormalidade resolve explorar o sanatório mais assombrado do mundo. Você tem coragem para ver o que aconteceu a eles? Leia Mais...
  • Stop Motion
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    Apenas um desenho...
    Até que ponto um simples desenho é inocente? Existem coisas macabras no mundo, e este vídeo certamente é uma dessas coisas. Confira! Leia Mais...

Minha vida em negro - Parte 2

 A enfermeira idosa e estranha me colocou dentro do tomógrafo que mais parecia uma cápsula do tempo supercrescida. Lembrou-me por um instante de quando eu tinha meus oito anos de idade e sonhava que um dia poderia finalmente criar uma cápsula do tempo que me transportasse de uma época a outra no período de espaço-tempo.
A tomografia havia  acabado e eu estava liberado para recolocar meus piercings, já estava fazendo isso mesmo. Voltei para o quarto e minha mãe estava sentada no leito vazio ao lado do meu e praticamente voou em meu pescoço quando voltei ao quarto. Olhei-a com o olhar vazio, esquecendo de me importar se ela estava outra vez se esfregando em mim como a cadela no cio que ela é. Parou de se esfregar em mim e a encarei, indiferentemente.
 -- Alguém perguntou por mim enquanto estive desacordado?  -- perguntei esperando que pelo menos alguma criatura nesse mundo além da minha droga de família se importasse
 -- Não. -- ela respondeu sem graça e continuou vagamente -- Só uma menina apareceu agora há pouco te dizendo que te odiava porque você não ligou pra ela...
 -- Ah...
              É, acho que só o meu cachorro se importa comigo além da minha merda de família. Pela primeira vez na vida, eu realmente estava angustiado com o fato de que parece não haver um ser nesse mundo que lembre-se que existo ou que pelo se importe verdadeiramente comigo. É, como eu disse anteriormente, eu sou só mais um garotinho problemático de merda...
              Fechei os olhos e senti minha respiração ficar lenta. Passei a lembrança de todos os rostos da escola que ele já notara, para ver se havia pelo menos um que exalasse confiança, que pelo menos alguem ali se lembrasse dele mais do que como o garoto-problemático-galinha-e-drogado. No primeiro ano, não. No segundo, também não. No terceiro... muito menos. É, não havia ninguém naquela droga de escola que se importava comigo. Acho que só os caras da rua se importavam comigo. Eram as únicas pessoas além dos meus avós que até se importavam comigo, mesmo que eu não demonstrasse nem um pouco de consideração por eles.(...)
              Dentro de dois dias eu estava de volta a minha maldita casa que mais parecia uma mansão, fazendo com que eu me perguntasse porquê diabos meus pais compram uma mansão para apenas três pessoas -- eu, minha mãe e meu pai -- e mais quatro empregados -- a cozinheira, o mordomo, o segurança e a empregada. Meu quarto era no andar de cima e você podia descobrir facilmente qual era por conter um pôster enorme do Guns N' Roses. Minhas paredes eram azuis escuras, em meio a diversos pôsteres, e meus móveis eram brancos como a neve que cai em dias de inverno. Abri a porta do meu cômodo favorito de toda a casa e logo me joguei em minha cama, encarando o teto branco e logo abaixo dois pôsteres -- um do Green Day e um do Escape the Fate -- um ao lado do outro. Rodei os olhos pelo quarto e em meu criado mudo encontrei um porta retrato vazio. Era prata de bordas negtas, bem simples, com apenas um bilhete escrito por dentro:

             " Você vai acabar notando a falta que faz em mim. Talvez um dia note."

              Encarei o bilhete escrito em uma caligrafia ridiculamente perfeita com a sobrancelha erguida e logo John, o mordomo passou a porta do meu quarto, pedindo-me permissão para entrar.
 -- John sabe que não precisa pedir permissão para entrar Sabe que quando não quero ninguém por perto eu tranco a porta...
 -- Sim senhor. Mas deseja algo?
 -- Não... -- ele ia dando meia volta quando o chamei outra vez -- Você sabe quem me escreveu esse bilhete?
 -- Que bilhete? -- ergueu a sobrancelha grossa e cinza com uma cara de confusão e apontei para o que estava no porta-retrato -- Não sei senhor. Brígida encontrou em suas coisas da escola e perguntou para sua mãe o que fazer e a senhora disse que era para colocá-lo nesse porta retrato.
 -- Mas desde quando esse porta retrato está ai?
 -- Desde sábado. Enquanto o senhor estava internado, seus pais compraram e pediram para que colocássemos ele ai. Seu pai disse que o estava guardando para que você colocasse a foto de alguem especial.
 -- Entendi. -- respondi com um sorriso melancólico no rosto -- Obrigado John. Pode se retirar agora.
 -- De nada senhor.
              Assim o mordomo que começava a sofrer de calvisse se retirava do meu quarto, deixando-me sozinho com minha própria tristeza de não ter alguém para se guardar uma foto e olhar todos os dias de manhã antes de decidir me levantar. E claro, meu pai me conhece tão bem assim que nem sabe que eu estou sozinho nessa merda de mundo e que NINGUÉM se importa. Porra! Eu também não me importo muito então foda-se. Eu sou só um viado problemático mesmo...
              É, é muito triste admitir algo assim e se ter certeza de que meio mundo concordaria com seu xingamento...
              Joguei-me novamente na cama e esperei que algo viesse para me tirar a vida. Eu realmente queria um convite da morte. Não queria mais ficar acenando para ela como eu sempre fazia, queria me render à seus encantos e colocar-me em seus braços, partindo para sempre disso que chamo de vida (leia-se merda de vida). Então por quê? Por que maldita morte? Por que diabos você não vem me buscar? Não quer mais uma alma para sua coleção? Não quer mais um alguém com uma alma vazia e podre para levar embora de uma vez por todas? Não sente prazer em levar almas? Faça logo! Leve-me embora de uma vez por todas e me deixe em paz em outra vida! Porque para ser bem honesto eu não aguento mais essa merda que chamam de vida! Então me busque logo! Faça seu trabalho porque para ser bem honesto, só o estou facilitando! Sua ingrata!
              E o mais legal de tudo é, nem você parece me querer... Isso me faz ter certeza absoluta que eu sou um João-ninguém nesse mundo...
              Seis horas da manhã do dia seguinte e a puta da minha mãe estava me acordando. Havia me esquecido que eu teria de voltar pra escola, para ver todos aqueles alunos nojentinhos na escola que se eu pudesse eu atearia fogo a ela, apenas para ver as pessoas ali gritando e pedindo por uma piedade que eu com certeza não lhes daria. Eu apenas ficaria ali, em meio ao fogo, ouvindo os gritos dersesperados dos carbonizados e logo eu estaria entre eles. Seria o maior filha da puta de todo o inferno, mas não importava. O que eu queria era morrer e ninguém me impediria disso.
              Peguei minha mochila com alguns cadernos e corri para o andar de baixo, pegando um pedaço de bolo de cenoura que estava a paisana na mesa e fui para o carro do meu pai. Agora ele iria me levar para a escola todos os dias antes de ir para o trabalho, fuder sua querida secretária loira oxigenada. Não vou dizer que tenho pena da minha mãe, ela é uma puta mesmo e trai meu pai e acaba sendo traída também, então não há meros problemas nisso.
              Durante todo o caminho de 10km, meu pai foi tentando puxar assunto comigo enquanto eu olhava distraidamente para as árvores da floresta que havia ao sair da propriedade dos meus pais. Eu não tinha o que falar com ele, há muitos anos não tenho o que falar com ele. Há muito tempo ele não me dá uma única boa razão sequer para dirigir educadamente, ou com pelo menos um fiasco de respeito, a ele. Respirei fundo, aumentando o volume dos fones até um volume ensurdecedor e ignorando meu pai, enquanto arrumava minha camisa xadrez preta e vermelha sobre a regata branca justa que havia em meu corpo. Mudei de música, agora tocava uma de minhas favoritas, a versão do EP de We Stitch these Wounds do Black Veil Brides. Tipo, eu sempre achei o vocalista gay mas ele canta fodidamente bem. Isso me faz lembrar da bateria que eu tenho perdida lá em casa, talvez um dia eu volte a tocá-la...
              Mas é claro que eu não poderia voltar à escola sem que houvesse algo para quase me matar do coração...
Logo ao entrar na escola me deparei com uma garota de pele extremamente branca, cabelos muito negros e olhos castanhos muito marcados por uma maquiagem intensa. Nossa, aquela garota era perfeita.
 -- Me desculpe... -- ela disse sem graça depois que notei que ela havia esbarrado no meu braço -- Mil desculpas mesmo, não havia te visto...
 -- Ah não. -- respondi corado, totalmente afogado na voz suave e aveludada dela -- Não. Sem problemas.
 -- Ah... Então, não me apresentei. Prazer, meu nome é Audrey. -- ela estendeu a mão de unhas perfeitamente bem cuidadas e apertou a minha timidamente -- E você não tem exatamente necessidade de se apresentar porque eu te conheço. Duncan von DeBurry, certo?
 -- Como sabia? -- perguntei curioso, tipo, ela sabia meu nome inteiro e sabia quem eu era e eu nem sabia quem era ela -- Ah e prazer em conhecê-la Audrey.
 -- Sabe como é né? Você é até que bem famoso por aqui. Minha amiga Crystal falou de você antes de nós virmos para cá -- ela riu sem graça e eu começei a sentir meu rosto pegar fogo -- Então, foi bom te conhecer von DeBurry. Tenho que ir, minha amiga está me esperando.
 -- Também foi bom te conhecer. -- respondi rapidamente torcendo para ela ir para eu poder me recompor -- Espero que a gente possa se esbarrar outro dia por ai... -- eu NÃO disse isso, eu NÃO disse essa merda! É, esquece, eu disse sim...
 -- É, a gente pode se esbarrar outro dia por ai
              Foi a última coisa coisa que ela respondeu antes de me deixar ali para ir falar com uma outra garota de cabelos rosa-choque com partes pretas que me observava surpresa e sorria maliciosamente para Audrey. Aquela lá deveria ser a tal da Crystal que falou de mim pra ela. Não dei muita importância para isso, mas Audrey havia mexido comigo de um jeito que nem eu sabia como explicar. Ela parecia ser diferente, parecia ser especial. Parecia ser diferente das outras garotas, queria conhecê-la e saber exatamente o porquê de ela ser uma garota que não era obsecada por mim, parecia se interessar em saber quem sou.