• Edward Modrake
    http://imgur.com/oR8qssi.jpg
    O Príncipe Duas Faces
    Edward Mordrake é um caso raro da medicina. Aristocrata do século XIX, nasceu com uma face atrás da cabeça. Dizia que ela lhe sussurrava coisas que só podiam vir do inferno... Leia Mais...
  • Pacto de Ódio
    http://2.bp.blogspot.com/-4a1dSTDd-iM/UWnA9-WDceI/AAAAAAAAAjg/S9UYj_XXQuA/s400/O+Anjo+Vampiro.jpg
    Anjos e Vampiros
    Anjos e vampiros não podem se amar. Mestiços não podem existir. Leia Mais...
  • Creepypasta
    http://1.bp.blogspot.com/-iLa9GOrmZxI/VJd0YgOy7yI/AAAAAAAAAwk/KdUCCB1VuO0/s1600/250.jpg
    Portal da Mente
    Um grupo de cientistas se reúne para fazer o inimaginável: estabelecer contato direto com Deus. Entretanto, de uma maneira pouco ortodoxa. Leia Mais...
  • O Sanatório
    http://imgur.com/gqR6BQZ.jpg
    O Sanatório de Waverly Hills
    Um grupo de estudantes de paranormalidade resolve explorar o sanatório mais assombrado do mundo. Você tem coragem para ver o que aconteceu a eles? Leia Mais...
  • Stop Motion
    http://imgur.com/SHmWPgz.jpg
    Apenas um desenho...
    Até que ponto um simples desenho é inocente? Existem coisas macabras no mundo, e este vídeo certamente é uma dessas coisas. Confira! Leia Mais...

Ouija, o jogo

Ouija, o jogo - Parte III



Quem é você afinal? ― perguntou. ― O que você quer? ― falou com a voz embargada.

O copo continuou imóvel. Ouvimos novamente o telefone tocar, não demorou muito desta vez e a secretária eletrônica atendeu. A voz que saia de lá não parecia mais com a minha, mas sim, com o boneco do filme Jogos Mortais. A “coisa” não falava mais com a gente por meio do copo. O telefone (em viva-voz) era o novo meio de comunicação.
Todos nós ficamos no mesmo estado como anteriormente. As coisas a partir de agora tomariam um novo rumo, pensei. O que mais temia era que esse novo rumo seria para pior. O clima ali estava muito pesado. Sentia calafrios a todo o momento. A última vez que fiquei desse jeito foi quando assisti ao Exorcista, só que dessa vez era bem pior. Todos tremiam muito, o medo era forte naquela sala e a coisa sabia disso, e gostava também. Aline, muito assustada, conseguiu balbuciar:
Pelo amor de Deus, quem é você e o que quer com a gente? ― perguntou super assustada.
A coisa deu uma risadinha sarcástica e falou:
Não diga este nome, querida. Pois Ele não está aqui agora. ― respondeu a coisa. ― Eu sou aquele que habita entre as trevas. E vim brincar com vocês, não foi para isso que me chamaram? ― falou a voz.
Aquilo era demais para minha cabeça. Queria estar sonhando, desejava isso. Mas era real. Olhei em volta e vi os olhos de todos alagado em lágrimas, as de Aline já escorriam pelo seu rosto. Nós já não estávamos na posição de antes, envoltos sobre a mesa com o indicador apontado para o copo. Estávamos todos na frente da mesa e olhando para o telefone. Aquela resposta era a confirmação que queria. Agora, pergunto-me, para quê eu queria essa confirmação? Já que eu não sabia o que fazer com ela. O único desejo era sair dali correndo, mas como nos sonhos, não conseguia correr, estava imóvel. Eu e os demais. Que Deus nos ajude, pensei.
Todos nós estávamos com os rostos molhados pelas lágrimas que escorriam. A resposta dada era totalmente sombria. Meus pelos do meu corpo estavam todos arrepiados, poderia sentir cada um. Às vezes passava pela minha cabeça que aquilo tudo poderia ser fruto de alguma brincadeira sem graça de alguém do lado de fora. Essa voz que ecoava do telefone poderia ser alguém ligando e nos assustando. Mas isso era totalmente improvável.
Nos deixe ir, por favor... ― supliquei à voz.
Não está gostando da brincadeira, criança? A ideia foi sua. Tudo o que acontecer esta noite será causada pela sua curiosidade, criança. ― falou-me a voz.
Eu não sabia que seria assim, me desculpe. Deixe-nos ir. Não fizemos nada com você. ― falei mais uma vez.
Não estão gostando da brincadeira? Nós estamos adorando, há tempos não nos divertíamos tanto. ― respondeu-me.
É dinheiro que vocês querem? Eu posso conseguir, mas nos deixem em paz, por favor... ― supliquei-lhe mais uma vez. A coisa deu uma gargalhada maléfica que me gelou a espinha e disse:
Criança, dinheiro não me tem serventia. Mas vim buscar outra coisa de vocês, coisa essa que não terá serventia aqui em cima. ― Advertiu-nos a voz.
Cara, isso era totalmente fora do comum, o que eles queriam de nós? Pensei. Não querem dinheiro, parece que bens materiais nenhum, o que mais poderiam querer? Nossas almas? Epa! Ao pensar nisso minhas vistas ficaram escuras e percebi que iria desmaiar. Caí de costas sobre a mesa deixando-a cair e tudo que estava em cima dela, inclusive o copo, que se espatifou sobre o chão. (Meus amigos me falaram que nessa hora que caí e o copo quebrou, Aline foi tomada por um “redemoinho” que saíra do telefone, mas de uma cor escura, aquilo a fizera rodar muito até que caísse.). Quando acordei, Guilherme e João estavam tentando me acordar, olhei para o outro lado e vi que Ellen e Pedro ajudavam Aline. Ela não precisava de ajuda. Levantou-se sem tocar as mãos no chão. Sua voz mudara. Seus olhos eram negros, totalmente negros. Seu corpo estava contorcido. Estava possuída.
O corpo de Aline estava de uma forma estranha. As costas estavam encurvadas para frente, formando quase uma corcunda. Não havia resquícios brancos no glóbulo do olho, estava totalmente negro. Já tinha visto isso em um filme uma vez, mas ao vivo era sem explicação, fora do comum. Ela olhava fixamente para nós, sua expressão não era de medo, muito pelo contrário, aparentava calma (apesar do estado em que se encontrava). Todos nós estávamos em estado de choque, parados olhando para Aline também. Pressionei os olhos pra ver se aquilo era real ou bati a cabeça e estava tendo delírios. Era real, bem real. Perguntei para Aline:
Aline? Tudo bem? ― perguntei timidamente.
Aline? ― respondeu. A resposta soou irônica. ― Ela não está aqui, criança. Pode me chamar de Anjo de Luz. ― falou-me.
Anjo de Luz? Como poderia ser um Anjo de Luz? Pensei. Não estava entendo mais nada. Olhei em volta e todos permaneciam no mesmo local que estavam. Depois da resposta de Anjo de Luz, percebi que Ellen chorava e chegava a soluçar. Ela conseguiu pronunciar:
L-l-lúcifer... ― balbuciou com a voz trêmula e amedrontada.
Após a pergunta, ou melhor, a afirmação de Ellen, Aline ou Anjo de Luz, sei lá, soltou uma gargalhada maléfica, igual a que tinha dado anteriormente. É, a ficha caiu de novo, Lúcifer significa Anjo de Luz, afinal, ele era um Anjo. Isso era totalmente perturbador. Minhas pernas cambalearam, segurei-me na cadeira. Passei a sentir frio e suar. Olhei em volta e todos estavam assim. João começara a chorar. Eu não sabia o que fazer.
Vamos começar a brincadeira, crianças? ― bradou Lúcifer e gargalhou mais uma vez.
O q-que v-você q-quer com a-a gente? ― gaguejei bem baixinho. ― Deixe-a em paz e saia da minha casa! ― dessa vez minha voz não saiu trêmula.
Você não dá as ordens aqui, criança. ― falou-me Lúcifer.
Não chamei você. Você não é bem-vindo aqui! ― minha voz saia alta e autoritária. Às vezes o medo confundia-se com a raiva.
Como já disse, quem dá as ordens aqui sou EU! ― falou em voz alta.
Quando terminou de falar, dois jarros de vidro que estavam próximos a porta de saída explodiram. Isso havia nos deixado mais apavorados. Olhei pro relógio, já eram 21:12. Passavam mil coisas pela minha cabeça. Pensava em gritar e pedir ajuda, pensava em sair correndo, mas o medo não deixava. Ellen olhou para Aline, que estava possuída, e falou:
Em nome Deus, vá embora! ― bradou com veemência. A coragem dela me surpreendeu, aliás, não só mim, mas a todos.
Corajosa você, criança. ― falou Lúcifer pacientemente.
A porta de saída abriu.
Saia. ― disse Lúcifer.
Olhei para todos e vi que estavam assustados e, meio que, abismados com o que disse Lúcifer. Também não estava acreditando no que ele dissera. Estava fácil demais. Percebi um leve sorriso no rosto de Ellen, que não pensou duas vezes, agarrou sua pequena bolsa que estava sobre o sofá e saiu correndo para fora. Quando ela saiu, a porta bateu com força. Pude jurar que vi saindo de dentro da casa dois vultos pela janela, como se fossem atrás de Ellen. Poxa, sabia que estava fácil demais. Eles foram atrás dela. Desejei com todas as minhas forças que ela voltasse para cá. Mas já era tarde demais, sabia que alguma coisa iria lhe acontecer. Que Deus a ajude.
Lúcifer voltou a encarar para nós e perguntou:
Mais alguém quer sair? ― perguntou.
Todos nós ficamos em silêncio. Aquela pergunta soava como uma ameaça. Sabia que se saíssemos seria pior. Bem pior. Imaginava que de alguma forma Ellen não escaparia bem daquela situação. Sentamos no sofá e ficamos parados olhando para o corpo de Aline, contorcido, sem nenhum resquício de vida humana ali, só havia um espírito: um espírito sujo e perverso, pensei.
Então crianças, querem sair também? Quem sabe não terão o mesmo destino da sua amiguinha. ― falou ironicamente.
Sabia. Só desejava agora que ela saia com vida. Olhei nos olhos de Aline possuída pelo espírito maligno e falei:
Não faça nada com ela seu maldito! ― disse autoritariamente.
Cuidado com suas palavras, criança. ― respondeu-me calmamente. ― Sua língua pode cair... ― falou-me gargalhando.
Gelei.
O que quer com a gente? ― perguntou Guilherme.
Jogar. ― respondeu Lúcifer.
Então começaremos. O que quer que façamos? ― falou Pedro, aparentemente calmo.
Troca de favores. Muito fácil. Vocês me dão uma coisa e eu lhes dou o que quiser... ― falou Lúcifer.
O que quer de nós? ― perguntei.
Suas fétidas almas. ― respondeu calmamente Lúcifer.
Senti meu estômago embrulhar. Minhas pernas ficaram dormentes. Não trocaria minha alma por nada, pensei. Nem por todo o dinheiro do mundo. Hum, dinheiro? Meu pai estava desempregado há poucos dias, a situação aqui em casa iria apertar. Luxo, carros, viagens, pensei. Pela primeira vez meu medo passara, ao contrário dos outros.
E então? ― perguntou Lúcifer.
Posso pedir qualquer coisa? ― perguntei.
Todos me olharam de forma assustada, acho que não estavam acreditando no que eu estava perguntando. Sinceramente, fiquei interessado sim. Olhava para Aline, possuída por Lúcifer, com um olhar de interesse, como se fôssemos negociar. Aliás, era isso que iríamos fazer.
Qualquer coisa, criança esperta. ― falou-me com um grande sorriso no rosto.
Primeiro: saia do corpo da Aline e deixe meus amigos irem embora. AGORA! ― falei com autoridade.
Tudo bem. ― respondeu Lúcifer.
Sentimos a casa tremer, era como se tivesse havendo um terremoto. O mesmo redemoinho escuro que outrora circulou Aline acontecera novamente. Ela caiu e dessa vez precisou de ajuda para se levantar. João e Pedro a ajudaram a se levantar. Aline voltou a si, estava confusa, não se lembrava de nada. Lúcifer voltou a se comunicar pelo telefone. A porta da casa abriu violentamente.
Saiam todos os outros, menos você, criança esperta. ― falou.
O q-quê? ― gaguejou Aline. ― Você não pode ficar aqui com ele. ― falou-me.
Tudo bem, Aline. Está tudo sobre controle, ok? ― disse baixinho em seu ouvido.
Saiam todos, agora! ― exclamou Lúcifer, que agora falava pelo telefone.
Todos saíram um a um: João, Guilherme, Pedro e Aline. Aline era amparada por Pedro. Eu tinha ficado sozinho na sala sentado no sofá. Quando todos saíram a porta se fechou.
O que aconteceu com Ellen? ― perguntei.
Nada demais, mas quando ela estava correndo desesperadamente pela rua não viu um carro que vinha do outro lado. ― respondeu-me calmamente.
O quê?! Ela morreu? Nós temos um acordo! ― respondi.
O acordo foi depois que ela saiu, criança. ― falou-me. ― Mas não se preocupe, ela não morrerá, ainda não, isso vai depender do nosso acordo agora. ― disse.
Nossa, agora era minha responsabilidade a vida da Ellen, tentava imaginar onde ela estava e em que estado se encontrava. Consegui salvar meus outros amigos. Agora teria que me salvar e salvar a Ellen, pensei.
Para que você quer minha alma? ― perguntei-lhe.
Atormentá-la durante toda a eternidade, criança. ― respondeu-me Lúcifer.
Arrepiei-me.
O que precisamos fazer para finalizar a proposta? ― perguntei.
Diga-me o que você quer em troca... ― respondeu.
Quero dinheiro. Muito dinheiro. A maior riqueza que um homem já tivera. ― falei.
Só isso? Dar-lhe-ei isso e muito mais, criança. ― falou. ― Dinheiro, sucesso, viagens, mansões, carros etc. ― respondeu-me.
Mais o preço disso tudo vai ser alto demais. ― falei.
Você não vai precisar da sua alma quando morrer, criança. Deixe-a para mim e seja feliz nesta vida, tenha tudo o que sempre deseja: dinheiro, luxo, conforto, tudo aquilo que nunca teria por vias comuns. ― falou-me.