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O Alvorecer dos Mortos

O Alvorecer dos Mortos - Capítulo Final


Acordei num lugar extremamente claro, havia várias maquinas naquele lugar, e tinha um barulho, não sei da onde vinha, mas estava me irritando... era tic,tic,tic,tic. Tentei mexer os braços mas eles estavam amarrados na cama, fiquei horrorizada com isso e gritei.
Só me liguei que era um hospital quando uma enfermeira entrou com minha mãe ao seu lado. A enfermeira tinha uma enorme seringa, fiquei as observando, assim como elas me observavam.
-Filhinha - Disse minha mãe - A enfermeira só vai aplicar o seu calmante...

-Nada de calmante - Disse um homem grande e loiro - Ela precisa ser interrogada, ela é a nossa principal suspeita!

-Não, ela é só uma criança! - Disse minha mãe.

-Não me importo, Sra. Taner. - Disse ele

-Espere, Sr. Comandulli, pelo menos até que ela esteja totalmente reabilitada - Disse um outro homem morrendo.

A enfermeira veio a mim e me aplicou o remédio... os dias se passaram assim nesse ritmo até que eu fui liberada do hospital... minha mãe me levou direto a delegacia.

Lá o Sr.Comandulli me mostrou fotos horríveis dos meus amigos mortos... Fernanda enforcada, Klaus com uma lança traspassada no coração, Bianca com o pescoço cortado e Thomas com os membros decepados e mutilados. Ele afirmava que tinha sido eu que tinha matados todos os meus amigos. E exigia que eu lhe contasse a minha versão da história.
Contei a ele tudo, sem tirar e nem por nada, ele riu de mim quando terminei, e disse que eu estava mentindo, falando que não existiam fantasmas e que naquele cemitério não havia coveiro homem, e sim uma mulher. Ele praticamente manipulou minhas palavras, e disse que eu iria para um sanatório, pois tinha problemas mentais. Não suportei ele falar tais coisas e o xinguei diversas vezes, por fim fui retirada da sala com uma camisa de força.

***

-Sabrina... - Sussurrou alguém.

Quando fui procurar quem me chamava, vi o leve relance de Fernanda passar ao meu lado.

-Sah! - Sussurrou outra... e quando olhei, tive um leve vislumbre da silhueta de Klaus de pé, ao lado da porta – Por que não está conosco?

-Sabrina, venha conosco, aqui é bem melhor! - Disse Bianca na minha frente... ela tinha as roupas manchadas de sangue, e o pescoço tinha uma linha vermelha, aonde escorria sangue.

-Bia... - Eu disse, mas ela não estava mais lá.

-Sabrina... Venha! - Disseram várias vozes.

-Parem com isso! - Gritei.

-Ela esta alterada de novo doutor - Disse a enfermeira na porta do quarto.

-Ela precisa de mais calmantes - Disse o doutor.

-Mas ela está quase dopada, pode entrar em estado de choque! - Disse a enfermeira novamente.

-Dê mais remédios a ela - Disse o doutor - Antes que algo pior aconteça...

-Me tirem daqui! Por favor! - Eu disse, ou melhor, gritei.

-Agora - Disse o doutor se retirando. A enfermeira entrou em meu quarto me olhando e disse:

-Hora de tomar os remédios, querida...

-Isso, remédios! Eles vão me fazer dormir, não me fazer vê-los - Eu murmurei.

Ela aplicou os remédios, e eu senti minhas pálpebras pesadas e dormi.
Acordei, não sei quanto tempo depois e olhei em volta... estava ainda na clinica, sozinha, sem "eles”. Estava de noite, e estava frio. Não os via e fiquei feliz por isso, mas pelo menos achava que não os via.

-Hei Sah! - Disse Klaus, perto de uma escrivaninha. Novamente apenas tive um vislumbre dele - Venha aqui meu amor... - Ele deixou algo na mesa e sumiu.

Levantei-me tremendo, e fui à direção à mesa. Em cima dela cintilava um objeto metálico, com um brilho sombrio... estendi a mão para ele, e outra mão se estendeu com a minha. Era uma mão masculina, comecei a tremer, a mão fria me tocou, e me fez pegar o pequeno objeto prateado indefinido... agora não mais indefinido, pois vi que era um pequeno canivete. Senti um sussurro frio em meu ouvido que dizia:

-Faça Sah, por favor, por mim, seu amado - Outras vozes completaram depois - Por nós, seus amigos.

-Não, não posso. Eu tenho que ficar e descobrir quem fez isso com vocês! - Disse com a voz fraca.

-Junte-se a mim - Disse a voz de Klaus mais perto do meu ouvido - junte-se ao seu amor!

-Junte-se a nós - Repetiram os outros. Depois Fernanda continuou sozinha: -Eu e Thomas estamos felizes, juntos para sempre, pode ser assim com você e o Klaus também.

-Não! Eu não quero ir com vocês, por favor, me deixem em paz - Eu disse, a ponto de chorar.

-Porque não, o que tem a perder? Ninguém está com você alem de nós! Nós a entendemos e sabemos que tudo que você disse é verdade! Sua mãe esta em casa, feliz por ter se livrado de você, não acha?

Uma filha que vê os espíritos de seus amigos mortos, que desgraça para uma mãe, não? - Disse Thomas, aparecendo e sumindo rapidamente.

-Minha mãe nunca faria isso comigo - Eu disse, mas não tinha tanta certeza.

-Não tem certeza - Disse Bianca - Como pode saber? Desde quando ela não te visita? Há dias? Semanas?Ou ate mesmo meses?

-Ela veio aqui hoje, eu a vi!

-Por pena - Disse Fernanda - Sabe o que nós a ouvimos falar para os médicos? Que não agüentava mais ser tachada como a mãe da garota que matou os amigos! A mãe da garota que vê espíritos! A mãe da garota satanista!

-Parem! Vocês se dizem meus amigos, mas amigos não dizem isso! Não desejam a morte de um amigo!

-Não desejamos a sua morte, meu amor... - Disse Klaus aparecendo para mim, de frente. Ele tinha um enorme buraco no peito, e a roupa estava toda manchada de sangue e do canto da boca, escorria um leve filete de sangue - Só queremos que fique com a gente, que pague o favor que nos deve. Meu amor - Ele se aproximou como se para me beijar... eu comecei a tremer, e ele sumiu.

-Não devo nada a vocês! - Falei - Como assim a mãe da “garota satanista”?

-Sabe, depois que moremos, nossos corações foram retirados pelo anjo de pedra, eu acho... ou um dos “coleginhas” dele. - Disse Fernanda - Mas não lhe contaram isso porque ainda é nova, e eles vão esperar que você complete maior idade para o seu julgamento! Provavelmente te condenarem a morte na cadeira elétrica!

-Você nos deve! - Disse Thomas – Nos deve a vida, nós demos as nossas para salvar você!

-Morte na cadeira elétrica? - Disse eu, tremendo.

-É, meu amor - Disse Klaus aparecendo com os outros na minha frente. Klaus, Bianca, Fernanda com o pescoço todo marcado e Thomas, com todo o corpo coberto de sangue - Por isso queremos que se junte a nós e você ficará com agente para toda a eternidade! Venha - Ele me estendeu a mão.

Peguei a lamina, e levei para perto do pulso, não tive coragem de cortar, mas uma mão me forçou a cortar meu pulso aonde começou a escorrer sangue. Ele pingava no chão, comecei a ficar com pontos pretos nos olhos e cai no chão, tendo a ultima visão de meus amigos, mas agora os vendo de verdade, não eram mais eles. Eles estavam com a mesma forma, mas agora como espíritos malignos, e me fizeram me juntar a eles. Fechei os olhos eternamente, acolhendo a morte com remorso. E por fim meu espírito se livrou do meu corpo humano, indo em direção aos meus supostos amigos, e passaria a eternidade com eles, sofrendo, e sendo atormentada.

FIM

Autora: Bruh Cris