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    Apenas um desenho...
    Até que ponto um simples desenho é inocente? Existem coisas macabras no mundo, e este vídeo certamente é uma dessas coisas. Confira! Leia Mais...

Infância Corrompida

Infância Corrompida - Parte 3



E quando as garotas da faculdade de medicina o convidavam para sair e única coisa que ele conseguia pensar era como ela tinha o rosto ou apenas os olhos parecidos com os de Emily. Até mesmo um gesto, às vezes. E então ele saia para o próximo banheiro que achasse e jogava água em seu rosto, enquanto a futura doutora ficava lá com uma cara de diagnóstico não resolvido.
 O fato de ele ter 20 anos e ela 17 o deixava desconfortável. Seria como acabar com os últimos anos de High School para ela. Os anos em que ela devia se divertir e ir a festas e não ficar presa em casa com o namorado. Mas mesmo isso, já era pensar longe. Chuck não tinha muitas esperanças de que um dia ela o amasse como ele a ama.
Chuck a conhecera em seu último ano de escola. Não tivera muito tempo para descobrir que Emily não iria se divertir e ir a festas nem se estivesse solteira, assim como ele.
Como Leslie – melhor amiga de Emily – estava sempre indo a festas, Chuck supunha que Emily também ia. Nunca perguntara isso para evitar o falatório de Leslie, por que, provavelmente, Leslie soltaria algo como: “o carinha do bar não tirou os olhos de você” ou algo pior.
Chuck olhou para o relógio no painel do carro e reparou que há 25 min, não tirara Emily de seus pensamentos.
Ligou o rádio, aumentou o volume e se pôs a cantar, tentando – sem sucesso – espantar Emily de sua cabeça.
- Você acha que seria tão ruim assim? É por isso?
Chuck e Emily estavam no carro dele. Ele sempre levava Leslie e Emily até a escola quando ia para a universidade.
Chuck havia insistido no mesmo assunto de novo.
- Poderia acabar mal, mas não é só por isso. – Emily desviou o olhar. Não gostava quando Chuck insistia nisso. Era ruim dizer a verdade, mas também não queria deixá-lo com esperanças. - Eu não te... – ela parou, olhando em seus olhos chocolate.
- Não me ama, o.k., entendi. – ele passou a mão pelos cabelos negros, fazendo-os ficar ainda mais bagunçados.
Chuck tinha olhos castanhos e gentis, cabelos negros e desgrenhados. O corpo era magro e enfiado camisetas xadrez e jeans. Era um cara bonito, seu rosto tinha traços retos e ao mesmo tempo simples.
- Não do mesmo modo que você, Chuck. Nós somos amigos. É amizade o que sinto por você. Chuck ficou calado. Era mil vezes pior ouvir isso da boca dela. Mas ele tinha que ouvir. Talvez assim aquele sentimento morresse. Talvez ser rejeitado o fizesse desistir. Mas não havia sentido melhora ainda.
Ele tinha uma expressão estranha no rosto, que Emily interpretou como raiva.
- Você um dia vai me perdoar por isso?
- Eu não estou bravo com você. Estou bravo comigo. – ele parou o carro. Leslie caminhava em direção a ele. Emily desviou os olhos, observando Leslie. Podia sentir o olhar de Chuck em seu rosto, o que a fez ficar vermelha.

Leslie terminou o café da manhã, escovou os dentes e deu uma olhada rápida no espelho. Os cabelos ruivos caiam em pequenas ondas em seus ombros; olhos cinzas a encaravam por trás de sua franja reta. Emily costumava dizer que ela parecia uma pequena e fofa duende com seu 1,48m, orelhas pontudas e sobrancelhas arqueadas.
Leslie saiu para a manhã nevoenta de San Francisco. Um carro preto a esperava em frente a sua casa. Ela não podia ver dentro do carro –os  vidros extremamente pretos a impediam –, mas ela podia sentir os olhos de Emily. Emily sempre desviava o olhar quando podia. Mas Chuck olhava pra ela é claro, e por isso ela estava vermelha.
Depois de tantos anos, era fácil para Leslie imaginar isso, os conhecia melhor do que a ela mesma.
- Ei! – disse ela, entrando no carro. – Como foi o cinema ontem? Sinto muito por não ter ido, mas sabe como é minha mãe com aniversários. Ela adora. Não podia perder o da sua irmã e aparentemente tinha que me levar junto. Não pergunte porquê, eu apenas...
- Ei, você fez o trabalho de literatura? – perguntou Emily, interrompendo-a antes que ela contasse a história inteira de sua família.
Emily virou-se pra trás sem olhar para Chuck e as duas conversaram sobre Hamlet – o tema do trabalho – até a escola, como só Leslie poderia fazer. Leslie sempre tinha algo a falar. Sempre tinha sua opinião sobre as coisas. O problema é que ela sempre tinha muito que falar sobre sua opinião. Isso não era um problema para Emily, que era o oposto e quase não falava. As horas passavam rápido com Leslie.
Após a aula, quando Emily chegou em casa, sua mãe tinha uma expressão estranha no rosto. Parecia... chocada. Quando a viu sorriu, sem conseguir disfarçar a expressão, que agora parecia de tristeza.
- Oi, meu amor, como foi a aula?
- Ahn... Tudo bem. Mas aconteceu alguma coisa?
- Sim, na verdade. Ahn... Fale com seu pai. – Anne disse, estendendo o telefone a Emily, que só agora o tinha visto em suas mãos.
- Oi, pai. O que aconteceu?
- Eu estou bem, que bom que perguntou. E você? – Emily sorriu um pouco, mas sabia que ele só fazia piadas para tentar adiar o assunto, qualquer que fosse.
- Tudo bem, também. – ela fez uma pausa, mas ele não falou nada, então ela perguntou novamente: - O que aconteceu?
A essa altura, o coração de Emily já estava acelerado, esperando o pior. Talvez um acidente de carro, uma morte repentina. Ela não conseguia se controlar, imagens de coisas piores ainda começavam a aparecer em sua mente.
- É o seu avô – ele disse, depois de uma longa pausa.
Nos nanosegundos que antecederam a próxima frase, o coração de Emily parou e depois, subitamente bateu forte em seu peito. Emily tinha a impressão que a qualquer minuto ele pudesse saltar do outro lado da sala.
- Ele está no hospital.